segunda-feira, 19 de março de 2018

A INVEJA É A PODRIDÃO DOS OSSOS

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Segundo o Aurélio: “[Do lat. invidia.] S. f. 1. Desgosto ou pesar pelo bem ou pela felicidade de outrem. 2. Desejo violento de possuir o bem alheio.”   
Salomão declara que a “...INVEJA é a Podridão dos ossos...” Pv 14.30b.
Foi por causa da Inveja que Caim executou o seu irmão Abel.
A Inveja é um sentimento mesquinho, de tristeza, angústia, raiva, desejo de ter o que o outro têm, ou não. Ser o que o outro é.
O Invejo é capaz de matar. De desejar tão intensamente o que é do outro, a ponto de matar sonhos, destruir famílias, criar intrigas, calúnias.
É um transtorno de personalidade gravíssimo, e que, tenta-se esconder no mais secreto do ser, no entanto, as ações, as palavras, os mínimos detalhes vão desenhando o quadro de quem possui esse pesar pelo o que é do outro.
É a falta de capacidade de ser... de reconhecer a si mesmo... é dos mais infames e tristes sentimentos.
Não surgiu em Caim. Na realidade surgiu antes do tempo humano, no coração do “querubim ungido”, sim, nasce no coração de Lúcifer. Como não bastasse pra ele o ser quem era e o ter o que tinha, desejou ser semelhante ao Altíssimo. Agiu numa rebeldia tal, que conseguiu a terça parte do Céu para segui-lo.
A síndrome de Lúcifer continua atuando nos seres humanos. Invejosos desejam o que o outro tem. Os bens, a mulher, a família, a atenção, o jeito de ser... enfim, tudo o que é do outro o invejoso anseia.
Na Torah, O Deus Eterno já advertirá que era taxativamente proibido desejar o que fosse do outro: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.” (Ex 20.17).
Mas o invejoso não consegue se segurar. Ele simplesmente olha o que é do outro. Não importa em difamar. Não importa em destruir. Não importa em matar.
Deus disse a Caim: “...Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” (Gn 4.6,7).
Mesmo tendo o Altíssimo advertido, o desequilíbrio de Caim não conseguiu poupar a vida do seu irmão Abel.
O invejoso coloca os olhos no que é do outro. Pode ter o que tiver, mas deseja o alheio.
Acabe desejou a vinha de Nabote, e por isso, descai-lhe o semblante, a ponto de sua esposa Jezabel indagar-lhe o que havia deixado triste. Ora, Acabe era o rei de Israel, mas desejou a vinha de seu servo. Acabe tinha o reino, terras, vinhas... Mas desejou a vinha de Nabote. Por isso Jezabel manda executar a Nabote. Sem querer saber das conseqüências, sem pensar na tristeza que deixaria na sua família. Simplesmente executa a Nabote.
Acabe ficou indignado, não se alimentou, apenas irado e triste, com o desejo infame de Lúcifer em querer o que é do outro.
Nabote não quis dar e nem vender a herança que veio de seus pais. Os homens de bem são simples. Não desejam nada além mais daquilo que Deus determinou para eles, mas o invejoso pode ter o reino em suas mãos, deseja o que é do outro.
Sob pretextos malignos, projeto infamatório e mentiroso, envia cartas em nome de Acabe, sua esposa, e executam a Nabote.
Assim como acontece a todos os invejosos, aconteceu também com Acabe e sua mulher. Os cães lamberam o sangue de Acabe e comeram as carnes de Jezabel na vinha que foi de Nabote.
O invejo não consegue se “pôr de pé...” Ele fica ferido, desgostoso, triste, infeliz com a alegria do outro. E se alegra com a tristeza, com a infelicidade daquele que invejou.
“A Inveja...” disse o mais sábio dos reis de Israel, “...é a podridão dos ossos...”. A inveja é o câncer dos ossos.
Por causa da Inveja homens traem outros. Tomam seus reinos. Tomam suas casas. Tiram vidas.
Tido como um dos pecados capitais, a inveja têm assassinado pessoas do bem, destruído ministérios, famílias... Mas assim como Lúcifer, nenhum invejoso permanece, seu fim é dos piores. E o Deus da Justiça se encarrega de fazer com que o invejoso colha exatamente o que plantou.
Portanto, se somos de Cristo, se o Espírito Santo habita em nós, esse sentimento de Satanás não pode habitar no nosso coração. Se o Espírito de Cristo habita em nós, nos alegraremos com a alegria dos nossos irmãos, seremos utilizados por Deus para abençoar suas vidas, famílias, ministérios... Se temos o Espírito de Jesus, nosso desejo maior é o Céu.


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Espaço da Palavra

18.03.2018

quarta-feira, 7 de março de 2018

EXEGESE DE MARCOS 16.1 – 8


 Resultado de imagem para Evangelho de Marcos


INTRODUÇÃO


A exegese é uma das ferramentas primordiais para os que pretendem estudar e ensinar as Sagradas Escrituras (a Palavra de Deus), assim sendo, nos disponibilizamos na tarefa de empreender uma exegese do texto bíblico, no diz respeito mais precisamente ao texto Sagrado de Marcos 16.1 – 8.
Nosso objetivo é tão somente apreender as verdades contidas no texto, bem como retirar dele verdades que o autor quis passar para os seus destinatários e que serão ensinadas nos dias hodiernos.
Na metodologia nos utilizamos de ferramentas necessárias para o nosso empreendimento, como: Dicionários, Léxicos, Livros de Comentários, Gramáticas entre outros, como o material utilizado em sala de aula e nos detivemos em algumas palavras que consideramos preponderantes no texto para análise.
Esse trabalho exegético é uma avaliação do curso do Mestrado em Teologia Bíblica com concentração em Novo Testamento, da disciplina Teologia Bíblica de Marcos e Mateus.
Portanto, estaremos fazendo a exegese dos versículos supra citados, levando em consideração os a metodologia descrita a cima, bem como tendo como objetivo o melhoramento/aperfeiçoamento do conhecimento Bíblico/Teológico.


Autoria e Destinatários


O autor de Marcos é o próprio Marcos (João Marcos), apesar de ser anônimo, a tradição cristã atribui a autoria a João Marcos que era da família de Barnabé (Cl 4.10) e filho de uma das Marias, àquela que Pedro seguiu para sua casa depois de ser liberto por um anjo da prisão (At 12.12).
Ele foi com de Paulo e Barnabé na sua primeira viagem, mas desistiu de seguir em Perge (At 13.13),  na segunda viagem missionária Barnabé quis levá-lo, mas Paulo recusou e que acabou causando um descontentamento entre Paulo e Barnabé(At 15.37-39).
A tradição cristã (os pais da Igreja) afirmam que o Evangelho é de autoria de Marcos, no entanto, este escreveu seu material a partir do apóstolo Pedro, temos então o testemunho de Papias, que foi assegurado por Eusebio em sua História Eclesiástica, lembrando que Papias fora um discípulo de Policarpo que foi discípulo do apóstolo João.
Nos pais primitivos é observado que pode haver um concordância de que Marcos escreveu de Roma, lembrando que, o apóstolo Paulo, nos seus últimos dias e Escritos, envia a Timóteo um pedido de que trouxesse a Marcos, porque lhe seria muito útil para o ministério  (II Tm 4.11).
O Evangelho de Marcos fora escrito provavelmente por volta do ano 65 d.C para os Romanos, tendo como intuito perpetrar o testemunho a respeito do Salvador Jesus, bem como para fortalecer a fé dos primeiros cristãos romanos que provavelmente estivesse com uma crise de fé, mais precisamente relacionada com a morte de Paulo e de Pedro por ordem de Nero, o imperador. O Escrito Marcano não é uma simples narração biográfica, mas o testemunho, o Evangelho, a Boa Nova de Salvação para a humanidade. É a Boa Nova do Reino de Deus, é o kairós de Deus cumprindo-se na terra.


EXEGESE DE MARCOS 16.1 – 8



Marcos 16.1-8 

16.1 Kai\ diagenome/nou tou= sabba/tou  Mari/a h(  Magdalhnh\ kai\  Mari/a h( [tou=]  )Iakw/bou kai\  Salw/mh h)go/rasan a)rw/mata i(/na e)lqou=sai a)lei/ywsin au)to/n. 16.2 kai\ li/an prwi+\ tv= mi#= tw=n sabba/twn e)/rxontai e)pi\ to\ mnhmei=on a)natei/lantoj tou= h(li/ou. 16.3 kai\ e)/legon pro\j e(auta/j,  Ti/j a)pokuli/sei h(mi=n to\n li/qon e)k th=j qu/raj tou= mnhmei/ou; 16.4 kai\ a)nable/yasai qewrou=sin o(/ti a)pokeku/listai o( li/qoj: h)=n ga\r me/gaj sfo/dra. 16.5 kai\ ei)selqou=sai ei)j to\ mnhmei=on ei)=don neani/skon kaqh/menon e)n toi=j decioi=j peribeblhme/non stolh\n leukh/n, kai\ e)ceqambh/qhsan. 16.6 o( de\ le/gei au)tai=j,  Mh\ e)kqambei=sqe:  )Ihsou=n zhtei=te to\n  Nazarhno\n to\n e)staurwme/non: h)ge/rqh, ou)k e)/stin w(=de: i)/de o( to/poj o(/pou e)/qhkan au)to/n. 16.7 a)lla\ u(pa/gete ei)/pate toi=j maqhtai=j au)tou= kai\ t%=  Pe/tr% o(/ti  Proa/gei u(ma=j ei)j th\n  Galilai/an: e)kei= au)to\n o)/yesqe, kaqw\j ei)=pen u(mi=n. 16.8 kai\ e)celqou=sai e)/fugon a)po\ tou= mnhmei/ou, ei)=xen ga\r au)ta\j tro/moj kai\ e)/kstasij: kai\ ou)deni\ ou)de\n ei)=pan: e)fobou=nto ga/r.



16.1   Kai\ diagenome/nou tou= sabba/tou  Mari/a h(  Magdalhnh\ kai\  Mari/a h(
E              tendo passado           do  sábado        Maria  a Madalena             e  Maria          a
[tou=]  )Iakw/bou kai\  Salw/mh h)go/rasan a)rw/mata i(/na e)lqou=sai a)lei/ywsin
de  Jacó(Tiago)      e       Salomé     compraram aroma   para que  tendo ido   ungissem
au)to/n.
ele

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Gen/Neu
Sg
Aoristo
Particípio
Média
diagi/nomai
Passado
2
Pl
Aoristo
Indicativo
Ativa
a)gora/zw
Tendo comprado
3
Nom/Fem
Pl
Aoristo
Particípio
Ativa
e)/rxomai
Tendo ido
4
Pl
Aoristo
Subjuntivo
Ativa
a)/leifw
Ungissem

16.2 kai\ li/an prwi+\ tv= mi#= tw=n sabba/twn e)/rxontai e)pi\ to\ mnhmei=on
           E    muito  cedo     no  primeiro dia dos sábados          vão     para    o    memorial
a)natei/lantoj tou= h(li/ou.
Acima tendo saído   o      sol

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Pl
Presente
Indicativo
Média
e)/rxomai
Vão
2
Gen/Mas
Sg
Aoristo
Particípio 
Ativa
a)nate/llw
Tendo saído

16.3 kai\ e)/legon pro\j e(auta/j,  Ti/j a)pokuli/sei h(mi=n
          E    falavam para    elas mesmas: Quem     rolará          para nós                
to\n li/qon e)k     th=j qu/raj tou= mnhmei/ou;
a     pedra    para fora a        porta do  sepulcro?

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Pl
Imperfeito
Indicativo  
Ativa
le/gw
Falavam
2
Sg
Futuro
Indicativo
Ativa
a)pokuli/w
Rolará para fora de

16.4 kai\ a)nable/yasai          qewrou=sin         o(/ti     a)pokeku/listai            
         E     tendo olhado para cima   olharam atentamente     porque       foi rolada fora
o( li/qoj: h)=n ga\r me/gaj sfo/dra.
a pedra. Era porque grande sobremaneira        

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Nom/Fem
Pl
Aoristo
Particípio
Ativa
a)nable/pw
Tendo olhado para cima
2
Pl
Presente
Indicativo
Ativa
qewre/w
Olharam atentamente
3
Sg
Perfeito
Indicativo
Passiva
a)pokuli/w
Foi rolada fora
4
Sg
Imperfeito
Indicativo
Ativa
ei(mi/
Era

16.5 kai\ ei)selqou=sai ei)j to\ mnhmei=on ei)=don neani/skon kaqh/menon e)n toi=j
         E    tendo entrado para o   sepulcro    viram   moço             assentado      em    os
decioi=j peribeblhme/non        stolh\n leukh/n, kai\ e)ceqambh/qhsan.
Direitos  tendo lançado em volta   estola   branca      e    foram terrificadas

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Nom/Fem
Pl
Aoristo
Particípio 
Ativa
ei)se/rxomai
Tendo entrado
2
Pl
Aoristo
Indicativo
Ativa
ei)=don
Viram
3
Acus/Mas
Sg
Presente
Particípio
Média
ka/qhmai
Assentado
4
Acus/Mas
Sg
Perfeito
Particípio
Média
periba/llw
Tendo lançado em volta
5
Pl
Aoristo
Indicativo
Passiva
ekqambe/w
Foram terrificadas

16.6 o( de\ le/gei au)tai=j,  Mh\ e)kqambei=sqe:  )Ihsou=n  zhtei=te       to\n 
       o porém disse a elas:  Não continueis terrificadas. Jesus     estas procurando o
Nazarhno\n to\n e)staurwme/non: h)ge/rqh, ou)k e)/stin w(=de:
Nazareno         o que foi crucificado: foi levantado, não está aqui;

 i)/de o( to/poj o(/pou e)/qhkan au)to/n.
eis  o    lugar   onde      colocaram  ele

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Sg
Presente
Indicativo
Ativa
legw
Disse
2
Pl
Presente
Imperativo
Passiva
ekqambe/w
Continueis terrificadas
3
Pl
Presente
Indicativo
Ativa
zhte/w
Estais procurando
4
Sg
Aoristo
Indicativo
Passiva
e)gei/rw
Que foi crucificado
5
Sg
Presente
Indicativo
Ativo
ei(mi/
Está
6
Pl
Aoristo
Indicativo
Ativo
ti/qhmi
Colocaram

16.7 a)lla\ u(pa/gete ei)/pate toi=j maqhtai=j au)tou= kai\ t%=  Pe/tr% o(/ti  Proa/gei
   Mas ,     ide-vos     dizei       aos discípulos      dele    e        a    Pedro  que Vai adiante
u(ma=j ei)j th\n  Galilai/an: e)kei= au)to\n o)/yesqe, kaqw\j ei)=pen u(mi=n.
de vos  para a  Galileia;                ele         vereis,      como   disse a vós.

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Pl
Presente
Imperativo
Ativa
u(pa/gw
Ide-vos
2
Pl
Aoristo
Imperativo
Ativa
ei)=pon
Dizei
3
Sg
Presente
Indicativo
Ativa
proa/gw
Vai adiante
4
Pl
Futuro
Indicativo
Média
o(ra/w
Vereis
5
Sg
Aoristo
Indicativo
Ativo
ei)=pon
Disse

16.8 kai\ e)celqou=sai e)/fugon a)po\ tou= mnhmei/ou, ei)=xen ga\r au)ta\j tro/moj kai\
  E       tendo-se ido fora, fugiram partindo do sepulcro, tinha pois  elas    tremor     e
 e)/kstasij: kai\ ou)deni\ ou)de\n ei)=pan: e)fobou=nto                ga/r.
assombro;    e    a ninguém nada  disseram, estavam atemorizadas,  pois.

Verbo
Pessoa
Número
Tempo
Modo
Voz
Léxico
Tradução
1
Nom/Fem
Pl
Aoristo
Particípio
Ativa
e)ce/rxomai

Tendo-se ido fora
2
Pl
Aoristo
Indicativo
Ativa
feu/gw
Fugiram
3
Sg
Imperfeito
Indicativo
Ativa
e)xw
Tinha
4

Pl
Aoristo
Indicativo
Ativo
ei)=pon
Disseram
5

Pl
Imperfeito
Indicativo
Média
fobe/omai
Estavam atemorizadas




Tradução livre

16.1 E tendo passado do sábado, Maria, a Madalena, e Maria de Tiago e Salomé compraram aroma para ungirem ele.
16.2 E muito cedo no primeiro dia dos sábados vão ao sepulcro, em cima ao sair do sol.
16.3 E falavam com elas mesmas: Quem rolará para nós a pedra para fora, a porta do sepulcro?
16.4 E tendo olhado para cima, olharam atentamente porque foi rolada fora a pedra. Porque era muito grande.
16.5 E tendo entrado no sepulcro viram um moço assentado aos lados direito, tendo laçado em volta uma faixa branca e ficaram atemorizadas.
16.6 Porém ele disse a elas: Não continueis atemorizadas; Jesus o que estás procurando, o Nazareno, o que foi crucificado: Foi levantado, não está aqui; eis o lugar onde colocaram ele.
16.7 Mas, ide-vos dizei aos discípulos dele e a Pedro que Vai adiante de vós para a Galiléia; lá vereis a Ele, como vos disse.
16.8 E tendo-se ido fora, fugiram partindo do sepulcro, porque tinham elas tremor e assombro; e a ninguém disseram nada, porque estavam atemorizadas.

MARCOS 16.1 – 8 (Almeida Corrigida Fiel)
1 E passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
2 E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.
3 E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
4 E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande.
5 E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas.
6 Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou,
não está aqui; eis o lugar onde o puseram.
7 Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
8 E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém porque temiam.



No primeiro versículo podemos verificar uma verdade maravilhosa no que diz respeito à questão do Sábado. É de todo conhecido que no Sábado não poderia haver trabalhos para os judeus (cf Mc 2.23-28) mas a ressurreição de Cristo confirma aquilo que dantes Ele falara: “Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor” (Mc 2.28; Lc 6.5). O Senhor tem poder sobre o Sábado, Ele é Senhor do Sábado, Ele não está interessado na guarda do Sábado como simples cerimônia ou aparente compromisso quanto ao antigo pacto, a ressurreição inaugura uma nova aliança que dá descanso não ao corpo físico, mas ao ser humano como um todo, principalmente relacionando a inauguração da nova “entrada” para o “Santo dos Santos” Hb 9. Marcos parece utilizar de um dístico para enfatizar a questão da passagem do Sábado para o Domingo (primeiro dia da semana) nos versos 1 e 2, pois que verificamos que ele fala de que o Sábado havia passado e era o Primeiro dia da semana, ou seja, o destaque para o primeiro dia está em forma de um segmento bimembre. Na compreensão dessa dupla afirmativa a respeito do primeiro dia, deixa-nos entender que: 1. O Senhor Jesus é Senhor do Sábado; 2. Há uma passagem da importância do dia do Sábado (descanso) para o dia da Ressurreição (Domingo), que contém um descanso mais eficaz do que o simples descanso do dia de Sábado.
A menção relacionada às mulheres também é um fator preponderante, além de podermos verificar no texto de Marcos o fator intencional de apresentar as primeiras pessoas que foram ao sepulcro, ele apresenta nominando-as, destacando-as, num intuito de fazer observar que fora às mulheres que Jesus primeiro se apresentou, quando verificamos esse texto, “É importante observar que, enquanto Sócrates, Aristoteles, Demóstenes, os rabinos e os homens da comunidade de Qumram tinham as mulheres em baixa estima, Jesus, em harmonia com o ensino do Antigo Testamento, lhes designava um lugar de elevada honra (HERNDRIKSEN, 2003, p. 558), e Marcos parece fazer o mesmo aqui, mas não apenas isso, Maria, a Madalena, a que foi liberta de sete espíritos malignos está também aqui mencionada em destaque, ela aparece comumente em outras citações e situações importantes (Cf Mc 15.40, 47; vide também Mt 27.55,56, 61; 28.1; Lc 24.10; Jo 19.25; 20.1-18), possivelmente ela era um exemplo a seguir e reconhecidamente alguém que fora alvo da graça e misericórdia de Deus e que no contexto atual da Escrita Marcana, ele quer destacar, para promover a fé naqueles que estão abatidos com os acontecimentos contemporâneos, mais precisamente relacionada a perseguição, a morte dos apóstolos Paulo e Pedro, ele quer trazer a coragem daquelas que foram as primeiras a testemunharem a salvação, bem como o destaque a Madalena que tendo sido liberta persevera na devoção do Seu Libertador.
A despeito de elas terem ido no intuito de ungir ao corpo de Jesus, verificamos que elas tinham amor e devoção por Jesus, no entanto, a fé em relação às Suas Palavras não foi manifestada por elas. O autor de Lucas nos menciona que os anjos lhes disseram (Lc 24.5-8):

(...) Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia, Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
E lembraram-se das suas palavras.


É importante notar que mesmo elas tendo ido numa manifestação de devoção e amor, não mantiveram a fé na Sua ressurreição. Essa incredulidade não fora apenas das mulheres, mas também de seus próprios discípulos (Cf Lc 24.9-12).
No terceiro e quarto versículo temos uma dupla menção a pedra do sepulcro. A primeira diz respeito a preocupação das mulheres em saber quem as ajudaria na remoção da pedra, e na segunda citação a menção é de que a pedra (que era muito grande) já fora removida. Encontramos aqui também um paralelismo, enquanto elas se preocupavam com a pedra ou com quem as ajudaria para revolvê-la, a pedra que era muito grande, fora revolvida de forma sobrenatural.
Há aqui nesse texto (16.1-8) um perícope que tem por finalidade apresentar a ressurreição. Não se trata de alguém que roubou o corpo de Jesus, pois além da guarda que estava selando até o terceiro dia o sepulcro, quando houve o terremoto que o anjo desceu para revolver a pedra, os guardas também viram e ficaram assombrados e como mortos, mas ao falarem para os príncipes foram subordinados e instruídos a mentirem (Mt 27.62 – 65; 28.2-4, 11-15), mas Marcos nesse recorte que ele faz do acontecimento, ele deixa aclarado que Jesus foi (h)ge/rqh) erguido, levantado, ressuscitado, e que as mulheres ouviram do próprio anjo que lhes testemunhou. E era exatamente o que dantes já havia predito aos seus discípulos. Houve algo sobrenatural. Não precisou de mãos humanas para revolver a grande pedra que estava como porta do sepulcro, houve algo sobrenatural. É perceptível aqui também que não encontramos os guardas à porta, se as mulheres que seguiam a Cristo estavam estupefatas, os guardas deveras com veraz certeza, desapareceram de medo. Lucas e João falam de dois seres, Mateus e Marcos mencionam apenas um. O fato é que, pelo poder sobrenatural um deles revolveu a enorme pedra do sepulcro. E ainda testemunhou-lhes a respeito da ressurreição, trazendo a reminiscência de que a respeito desse fato ele já havia falado (Mc 16.7; cf Lc 24.5-8).
Nesse perícope do texto (16..1-8) verificamos também um quiasmo, pois enquanto elas procuram o morto ele está vivo. Ele foi para a sepultura, haviam guardas que estavam de sentinela, mas o túmulo ficou vazio, Ele estava morto, mas foi levantado da sepultura, do mundo dos mortos, Ele vive. O natural cruza com o sobrenatural. A crucificação e morte na cruz cruza com a ressurreição e vida no tumulo de Jesus. O terrenal cruza com o eternal no tumulo de Jesus. A vida cruza com a morte. A vida vence a morte. E é exatamente sobre isso que Marcos quer chamar a atenção. Jesus, a despeito de tudo, está vivo.
Há um destaque no versículo 7 ao apóstolo Pedro. Apenas em Marcos verificamos essa menção, esse destaque. Poderemos inferir daqui que de fato Marcos escreveu do que ouviu do apóstolo. Há aqui uma citação importantíssima no que diz respeito a graça, a misericórdia, a compaixão e ao conhecimento profundo que Jesus tem de cada ser humano. Jesus havia dito (Mt 10.32-33):

Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus;
mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.


Mas também previu que Pedro o negaria (Mc 14.30, 31, 72). E depois que aconteceu, é possível que pensasse que não havia perdão pra ele e que seu caso foi de total desconfiança. Ainda que os demais tivessem também negado, a nenhum deles Jesus dissera com tanta propriedade a respeito da negação, como fez com Pedro. O discípulo assegurou-lhe que não o faria, mesmo que tivesse que morrer, mas por fim O negou. Jesus deveria negar-lhe também? Pedro saiu e chorou arrependido amargamente, Jesus conhecia também o seu coração e a fragilidade humana e que não se vence com a força humana, mas com o poder sobrenatural do Espírito Santo. Por isso, influenciado por testemunho de Pedro, Marcos inclui a história e destaca a recomendação do anjo relacionada ao discípulo, como quem diz: Jesus entendeu tudo e já perdoou.
As mulheres saíram do sepulcro com muito temor, sem dizer palavras... O texto de Marcos findado no versículo 8 parece que falta a conclusão ou carece de uma continuação. Em conflito com a Crítica Textual, parece-nos inconcebível que o texto tenha terminado em (ga/r) porque, uma conjunção explicativa conclusiva, mas que explica apenas o não ter dito o que acabaram de testemunhar a ninguém, e é muito complexo porque o verbo utilizado pelo ser angelical em relação ao contexto (u(pa/gete) está no presente do imperativo ativo, ide-vos, a ordem era que fossem naquele momento, fazer o quê?  (ei)/pate toi=j maqhtai=j au)tou= kai\ t%=  Pe/tr%) “...dizei aos discípulos dEle e a Pedro...”, o verbo no aoristo está no imperativo ativo, era uma ordem deveria dizer. Há sim, uma exigência textual para que se continue o texto. Marcos está escrevendo no intuito de promover a fé, a esperança, a perícope final diz respeito a ressurreição, não faz sentido terminar com uma palavra de silêncio e de temor, por isso mesmo que exige-se a complementação do texto do ultimo capitulo de Marcos, o que na sequencia vai simplesmente acontecer, de conformidade com que o anjo lhes ordena, Maria Madalena foi aos discípulos anunciar o que viram.


  
Considerações finais


O texto de Marcos 16.1-8, apresenta-nos tem como objetivo maior apresentar a ressurreição de Jesus. Marcos é enfático em afirmar que Ele ressuscitara no primeiro dia da semana, e que as mulheres foram as primeiras a testemunharem da ressurreição.
O texto marcano é composto de um perícope, com paralelismo, dístico, quiasmo, onde tem a intenção de destacar a ressurreição de Jesus Cristo de forma sobrenatural. Nesse texto vemos a literatura marcana trazendo as mulheres como pessoas destacadas, importantes, não inferiorizadas. Mas também observamos que mesmo tendo amor e devoção, não estavam crendo no que lhes havia ensinado sobre a Sua ressurreição. Podemos aplicar esse contexto, no atual cristianismo em que muitos procuram o que Jesus faz, como curas, libertação... mas não centram-se nas verdades do Evangelho.
Observamos também o cuidado de Jesus em relação a ovelha caída, Pedro, mas a preocupação no sentido de recuperá-lo, de “não deixá-lo no chão”, porque Ele conhece o profundo de cada coração e sabe as fraquezas e intenções de cada coração.
A despeito da ressurreição e ordem angelical de que se fossem e anunciassem, é muito complexo não creditar a Marcos os versículos subseqüentes (9-20), mesmo porque, gramaticalmente e textualmente fica faltando a conclusão de objetivo de Marcos.
Portanto, o fechamento do Livro de Marcos, que pode ser tranquilamente atribuído ao que ouviu de Pedro, trata da ressurreição de Jesus, o Nazareno, em cumprimento daquilo que dantes havia dito. 












REFERÊNCIAS



Bíblia de Estudo Scofield. (2009) Texto Bíblico Almeida Corrigida Fiel. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Bíblia Sagrada. ARA

Bíblia Sagrada. ARC

DAVIDSON, F. (1997) O Novo Comentário da Bíblia. Reimp. São Paulo: Vida Nova

FOX, John. 1516-1587 (2003) O Livro dos Mártires. Trad. Alimiro Pizetta. São Paulo: Mundo Cristão.

GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. 2000. Léxico do Novo Testamento – Grego Português. São Paulo: Vida Nova.

HALE, David Broadus. (1983) Introdução ao Estudo do Novo Testamento. Trad. Cláudio Vital de Souza. Rio de Janeiro: JUERP

HENDRIKSEN, William. (2003) O Evangelho de Lucas. Vol 1 e 2. Trad. Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã.

OLIVEIRA, José Humberto de Jesus F. (2011) Exegese do Novo Testamento. Apostila.

PAROSCHI, Wilson. (2010) Crítica do Novo Testamento. Reimp. São Paulo: Vida Nova.

REGA, Lourenço Stelio. (1995). Noções do Grego Bíblico. 4 ed. São Paulo: Vida Nova.        

SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. (1998). Coinê Pequena Gramática do Grego neotestamentário. 8 ed. Minas Gerais: CEIBEL.

THE NEW TESTAMENT. (1994) The Greek underlying the English authorized version of 1611. England:  Trinitarian Bible Society.

WALDYR, Carvalho Luz. (2003) Novo Testamento Interlinear. São Paulo: Cultura Cristã.

Comentário do Novo Testamento[1]



[1] Fiz uso desse comentário quando ainda na graduação em 2000, não sei a referencia bibliográfica porque é uma Xerox e não foi tirada desde a capa. No entanto, a Bibliografia que está sendo utilizada em Marcos é:
BORNKAMM, Günther, Et al. Tradition, and Interpretation in Matthew. Translated by Percy Scott. The New Testament Library. Philadelphia: Westminster Press, 1963.
BROADUS, John A. The Gospel of Matthew. In An American Commentary on the New Testament. Philadelphia: The American Baptist Publication Society, 1886.
CRABTREE, A. R. Introdução ao Novo Testamento: Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960.
DAVIES, William David. The Stting of the Sermon on the Mount. New York: Cambridge University Press, 1964.
FARRER, Austin Marsden. St. Matthew and St. Mark. Westminster: U. K. Dacre Press, 1954.
FEINE, Paul, et all. Introduction to the New Testament. Translated by A. J. Matill, Jr. Nashiville: Abingdon Press, 1966.
Julguei necessário fazer essa nota, porque li esse material e fiz uso dele.


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