INTRODUÇÃO
A exegese é uma das ferramentas primordiais para os que pretendem estudar
e ensinar as Sagradas Escrituras (a Palavra de Deus), assim sendo, nos
disponibilizamos na tarefa de empreender uma exegese do texto bíblico, no diz
respeito mais precisamente ao texto Sagrado de Marcos 16.1 – 8.
Nosso objetivo é tão somente apreender as verdades contidas no texto, bem
como retirar dele verdades que o autor quis passar para os seus destinatários e
que serão ensinadas nos dias hodiernos.
Na metodologia nos utilizamos de ferramentas necessárias para o nosso
empreendimento, como: Dicionários, Léxicos, Livros de Comentários, Gramáticas
entre outros, como o material utilizado em sala de aula e nos detivemos em
algumas palavras que consideramos preponderantes no texto para análise.
Esse trabalho exegético é uma avaliação do curso do Mestrado em Teologia
Bíblica com concentração em Novo Testamento, da disciplina Teologia Bíblica de
Marcos e Mateus.
Portanto, estaremos fazendo a exegese dos versículos supra citados,
levando em consideração os a metodologia descrita a cima, bem como tendo como
objetivo o melhoramento/aperfeiçoamento do conhecimento Bíblico/Teológico.
Autoria e Destinatários
O autor de Marcos é o próprio Marcos (João Marcos), apesar de ser
anônimo, a tradição cristã atribui a autoria a João Marcos que era da família
de Barnabé (Cl 4.10) e filho de uma das Marias, àquela que Pedro seguiu para
sua casa depois de ser liberto por um anjo da prisão (At 12.12).
Ele foi com de Paulo e Barnabé na sua primeira viagem, mas desistiu de
seguir em Perge (At 13.13), na segunda
viagem missionária Barnabé quis levá-lo, mas Paulo recusou e que acabou
causando um descontentamento entre Paulo e Barnabé(At 15.37-39).
A tradição cristã (os pais da Igreja) afirmam que o Evangelho é de
autoria de Marcos, no entanto, este escreveu seu material a partir do apóstolo
Pedro, temos então o testemunho de Papias, que foi assegurado por Eusebio em
sua História Eclesiástica, lembrando que Papias fora um discípulo de Policarpo
que foi discípulo do apóstolo João.
Nos pais primitivos é observado que pode haver um concordância de que
Marcos escreveu de Roma, lembrando que, o apóstolo Paulo, nos seus últimos dias
e Escritos, envia a Timóteo um pedido de que trouxesse a Marcos, porque lhe
seria muito útil para o ministério (II
Tm 4.11).
O Evangelho de Marcos fora escrito provavelmente por volta do ano 65 d.C
para os Romanos, tendo como intuito perpetrar o testemunho a respeito do
Salvador Jesus, bem como para fortalecer a fé dos primeiros cristãos romanos
que provavelmente estivesse com uma crise de fé, mais precisamente relacionada
com a morte de Paulo e de Pedro por ordem de Nero, o imperador. O Escrito
Marcano não é uma simples narração biográfica, mas o testemunho, o Evangelho, a
Boa Nova de Salvação para a humanidade. É a Boa Nova do Reino de Deus, é o kairós
de Deus cumprindo-se na terra.
EXEGESE DE MARCOS 16.1 – 8
Marcos 16.1-8
16.1 Kai\ diagenome/nou tou= sabba/tou Mari/a h(
Magdalhnh\ kai\ Mari/a h(
[tou=] )Iakw/bou kai\ Salw/mh h)go/rasan a)rw/mata i(/na e)lqou=sai
a)lei/ywsin au)to/n. 16.2 kai\ li/an prwi+\ tv= mi#= tw=n sabba/twn e)/rxontai e)pi\ to\
mnhmei=on a)natei/lantoj tou= h(li/ou. 16.3 kai\ e)/legon pro\j e(auta/j, Ti/j a)pokuli/sei h(mi=n to\n li/qon e)k th=j
qu/raj tou= mnhmei/ou; 16.4 kai\ a)nable/yasai qewrou=sin o(/ti
a)pokeku/listai o( li/qoj: h)=n ga\r me/gaj sfo/dra. 16.5 kai\
ei)selqou=sai ei)j to\ mnhmei=on ei)=don neani/skon kaqh/menon e)n toi=j
decioi=j peribeblhme/non stolh\n leukh/n, kai\ e)ceqambh/qhsan. 16.6 o( de\
le/gei au)tai=j, Mh\ e)kqambei=sqe: )Ihsou=n zhtei=te to\n Nazarhno\n to\n e)staurwme/non: h)ge/rqh,
ou)k e)/stin w(=de: i)/de o( to/poj o(/pou e)/qhkan au)to/n. 16.7 a)lla\
u(pa/gete ei)/pate toi=j maqhtai=j au)tou= kai\ t%= Pe/tr% o(/ti
Proa/gei u(ma=j ei)j th\n
Galilai/an: e)kei= au)to\n o)/yesqe, kaqw\j ei)=pen u(mi=n. 16.8 kai\
e)celqou=sai e)/fugon a)po\ tou= mnhmei/ou, ei)=xen ga\r au)ta\j tro/moj kai\
e)/kstasij: kai\ ou)deni\ ou)de\n ei)=pan: e)fobou=nto ga/r.
16.1 Kai\
diagenome/nou tou= sabba/tou Mari/a
h( Magdalhnh\ kai\ Mari/a h(
E tendo passado do
sábado Maria a Madalena e Maria
a
[tou=] )Iakw/bou kai\ Salw/mh h)go/rasan a)rw/mata i(/na e)lqou=sai
a)lei/ywsin
de
Jacó(Tiago) e Salomé compraram aroma para que
tendo ido ungissem
au)to/n.
ele
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
Gen/Neu
|
Sg
|
Aoristo
|
Particípio
|
Média
|
diagi/nomai
|
Passado
|
2
|
3ª
|
Pl
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Ativa
|
a)gora/zw
|
Tendo comprado
|
3
|
Nom/Fem
|
Pl
|
Aoristo
|
Particípio
|
Ativa
|
e)/rxomai
|
Tendo ido
|
4
|
3ª
|
Pl
|
Aoristo
|
Subjuntivo
|
Ativa
|
a)/leifw
|
Ungissem
|
16.2 kai\ li/an prwi+\ tv= mi#= tw=n sabba/twn
e)/rxontai e)pi\ to\ mnhmei=on
E muito cedo
no primeiro dia dos sábados vão
para o memorial
a)natei/lantoj tou= h(li/ou.
Acima
tendo saído o sol
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
3ª
|
Pl
|
Presente
|
Indicativo
|
Média
|
e)/rxomai
|
Vão
|
2
|
Gen/Mas
|
Sg
|
Aoristo
|
Particípio
|
Ativa
|
a)nate/llw
|
Tendo saído
|
16.3 kai\ e)/legon pro\j e(auta/j, Ti/j a)pokuli/sei h(mi=n
E falavam para elas mesmas: Quem rolará para nós
to\n li/qon
e)k th=j qu/raj tou= mnhmei/ou;
a
pedra para fora a porta do sepulcro?
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
3ª
|
Pl
|
Imperfeito
|
Indicativo
|
Ativa
|
le/gw
|
Falavam
|
2
|
3ª
|
Sg
|
Futuro
|
Indicativo
|
Ativa
|
a)pokuli/w
|
Rolará para fora de
|
16.4 kai\ a)nable/yasai qewrou=sin o(/ti
a)pokeku/listai
E tendo olhado para cima olharam atentamente porque
foi rolada fora
o( li/qoj: h)=n ga\r me/gaj sfo/dra.
a pedra. Era porque grande
sobremaneira
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
Nom/Fem
|
Pl
|
Aoristo
|
Particípio
|
Ativa
|
a)nable/pw
|
Tendo olhado para cima
|
2
|
3ª
|
Pl
|
Presente
|
Indicativo
|
Ativa
|
qewre/w
|
Olharam atentamente
|
3
|
3ª
|
Sg
|
Perfeito
|
Indicativo
|
Passiva
|
a)pokuli/w
|
Foi rolada fora
|
4
|
3ª
|
Sg
|
Imperfeito
|
Indicativo
|
Ativa
|
ei(mi/
|
Era
|
16.5 kai\ ei)selqou=sai ei)j to\ mnhmei=on ei)=don
neani/skon kaqh/menon e)n toi=j
E tendo entrado para o sepulcro
viram moço assentado em
os
decioi=j peribeblhme/non stolh\n leukh/n, kai\ e)ceqambh/qhsan.
Direitos tendo lançado em volta estola
branca e foram terrificadas
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
Nom/Fem
|
Pl
|
Aoristo
|
Particípio
|
Ativa
|
ei)se/rxomai
|
Tendo entrado
|
2
|
3ª
|
Pl
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Ativa
|
ei)=don
|
Viram
|
3
|
Acus/Mas
|
Sg
|
Presente
|
Particípio
|
Média
|
ka/qhmai
|
Assentado
|
4
|
Acus/Mas
|
Sg
|
Perfeito
|
Particípio
|
Média
|
periba/llw
|
Tendo lançado em volta
|
5
|
3ª
|
Pl
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Passiva
|
ekqambe/w
|
Foram terrificadas
|
16.6 o( de\ le/gei au)tai=j, Mh\ e)kqambei=sqe: )Ihsou=n zhtei=te to\n
o porém disse a elas: Não
continueis terrificadas. Jesus estas
procurando o
Nazarhno\n
to\n e)staurwme/non: h)ge/rqh, ou)k e)/stin w(=de:
Nazareno o que foi crucificado: foi levantado,
não está aqui;
i)/de o( to/poj o(/pou e)/qhkan au)to/n.
eis o
lugar onde colocaram
ele
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
3ª
|
Sg
|
Presente
|
Indicativo
|
Ativa
|
legw
|
Disse
|
2
|
2ª
|
Pl
|
Presente
|
Imperativo
|
Passiva
|
ekqambe/w
|
Continueis terrificadas
|
3
|
2ª
|
Pl
|
Presente
|
Indicativo
|
Ativa
|
zhte/w
|
Estais procurando
|
4
|
3ª
|
Sg
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Passiva
|
e)gei/rw
|
Que foi crucificado
|
5
|
2ª
|
Sg
|
Presente
|
Indicativo
|
Ativo
|
ei(mi/
|
Está
|
6
|
3ª
|
Pl
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Ativo
|
ti/qhmi
|
Colocaram
|
16.7 a)lla\ u(pa/gete ei)/pate toi=j maqhtai=j au)tou=
kai\ t%= Pe/tr% o(/ti Proa/gei
Mas , ide-vos dizei
aos discípulos dele e
a Pedro que Vai adiante
u(ma=j ei)j th\n
Galilai/an: e)kei= au)to\n o)/yesqe, kaqw\j ei)=pen u(mi=n.
de vos para a
Galileia; lá ele
vereis, como disse a vós.
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
2ª
|
Pl
|
Presente
|
Imperativo
|
Ativa
|
u(pa/gw
|
Ide-vos
|
2
|
2ª
|
Pl
|
Aoristo
|
Imperativo
|
Ativa
|
ei)=pon
|
Dizei
|
3
|
3ª
|
Sg
|
Presente
|
Indicativo
|
Ativa
|
proa/gw
|
Vai adiante
|
4
|
2ª
|
Pl
|
Futuro
|
Indicativo
|
Média
|
o(ra/w
|
Vereis
|
5
|
3ª
|
Sg
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Ativo
|
ei)=pon
|
Disse
|
16.8 kai\ e)celqou=sai e)/fugon a)po\ tou= mnhmei/ou,
ei)=xen ga\r au)ta\j tro/moj kai\
E tendo-se ido fora, fugiram
partindo do sepulcro, tinha pois
elas tremor e
e)/kstasij:
kai\ ou)deni\ ou)de\n ei)=pan: e)fobou=nto ga/r.
assombro; e
a ninguém nada disseram, estavam
atemorizadas, pois.
Verbo
|
Pessoa
|
Número
|
Tempo
|
Modo
|
Voz
|
Léxico
|
Tradução
|
1
|
Nom/Fem
|
Pl
|
Aoristo
|
Particípio
|
Ativa
|
e)ce/rxomai
|
Tendo-se ido fora
|
2
|
3ª
|
Pl
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Ativa
|
feu/gw
|
Fugiram
|
3
|
3ª
|
Sg
|
Imperfeito
|
Indicativo
|
Ativa
|
e)xw
|
Tinha
|
4
|
|
Pl
|
Aoristo
|
Indicativo
|
Ativo
|
ei)=pon
|
Disseram
|
5
|
|
Pl
|
Imperfeito
|
Indicativo
|
Média
|
fobe/omai
|
Estavam atemorizadas
|
Tradução livre
16.1 E tendo
passado do sábado, Maria, a Madalena, e Maria de Tiago e Salomé compraram aroma
para ungirem ele.
16.2 E muito
cedo no primeiro dia dos sábados vão ao sepulcro, em cima ao sair do sol.
16.3 E falavam
com elas mesmas: Quem rolará para nós a pedra para fora, a porta do sepulcro?
16.4 E tendo olhado
para cima, olharam atentamente porque foi rolada fora a pedra. Porque era muito
grande.
16.5 E tendo
entrado no sepulcro viram um moço assentado aos lados direito, tendo laçado em
volta uma faixa branca e ficaram atemorizadas.
16.6 Porém ele
disse a elas: Não continueis atemorizadas; Jesus o que estás procurando, o
Nazareno, o que foi crucificado: Foi levantado, não está aqui; eis o lugar onde
colocaram ele.
16.7 Mas,
ide-vos dizei aos discípulos dele e a Pedro que Vai adiante de vós para a
Galiléia; lá vereis a Ele, como vos disse.
16.8 E tendo-se
ido fora, fugiram partindo do sepulcro, porque tinham elas tremor e assombro; e
a ninguém disseram nada, porque estavam atemorizadas.
MARCOS 16.1 –
8 (Almeida Corrigida Fiel)
1 E passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de
Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
2 E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de
manhã cedo, ao nascer do sol.
3 E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra
da porta do sepulcro?
4 E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida;
e era ela muito grande.
5 E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à
direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas.
6 Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais
a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou,
não está aqui; eis o lugar onde o puseram.
7 Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
8 E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém porque temiam.
No primeiro versículo podemos
verificar uma verdade maravilhosa no que diz respeito à questão do Sábado. É de
todo conhecido que no Sábado não poderia haver trabalhos para os judeus (cf Mc
2.23-28) mas a ressurreição de Cristo confirma aquilo que dantes Ele falara: “Assim
o Filho do homem até do sábado é Senhor” (Mc 2.28; Lc 6.5). O Senhor tem poder
sobre o Sábado, Ele é Senhor do Sábado, Ele não está interessado na guarda do
Sábado como simples cerimônia ou aparente compromisso quanto ao antigo pacto, a
ressurreição inaugura uma nova aliança que dá descanso não ao corpo físico, mas
ao ser humano como um todo, principalmente relacionando a inauguração da nova
“entrada” para o “Santo dos Santos” Hb 9. Marcos parece utilizar de um dístico para enfatizar a questão da
passagem do Sábado para o Domingo (primeiro dia da semana) nos versos 1 e 2,
pois que verificamos que ele fala de que o Sábado havia passado e era o
Primeiro dia da semana, ou seja, o destaque para o primeiro dia está em forma
de um segmento bimembre. Na
compreensão dessa dupla afirmativa a respeito do primeiro dia, deixa-nos
entender que: 1. O Senhor Jesus é Senhor do Sábado; 2. Há uma passagem da importância
do dia do Sábado (descanso) para o dia da Ressurreição (Domingo), que contém um
descanso mais eficaz do que o simples descanso do dia de Sábado.
A menção relacionada às mulheres também é um fator preponderante, além de
podermos verificar no texto de Marcos o fator intencional de apresentar as
primeiras pessoas que foram ao sepulcro, ele apresenta nominando-as,
destacando-as, num intuito de fazer observar que fora às mulheres que Jesus
primeiro se apresentou, quando verificamos esse texto, “É importante observar
que, enquanto Sócrates, Aristoteles, Demóstenes, os rabinos e os homens da
comunidade de Qumram tinham as mulheres em baixa estima, Jesus, em harmonia com
o ensino do Antigo Testamento, lhes designava um lugar de elevada honra
(HERNDRIKSEN, 2003, p. 558), e Marcos parece fazer o mesmo aqui, mas não apenas
isso, Maria, a Madalena, a que foi liberta de sete espíritos malignos está
também aqui mencionada em destaque, ela aparece comumente em outras citações e
situações importantes (Cf Mc 15.40, 47; vide também Mt 27.55,56, 61; 28.1; Lc
24.10; Jo 19.25; 20.1-18), possivelmente ela era um exemplo a seguir e
reconhecidamente alguém que fora alvo da graça e misericórdia de Deus e que no
contexto atual da Escrita Marcana, ele quer destacar, para promover a fé
naqueles que estão abatidos com os acontecimentos contemporâneos, mais
precisamente relacionada a perseguição, a morte dos apóstolos Paulo e Pedro,
ele quer trazer a coragem daquelas que foram as primeiras a testemunharem a
salvação, bem como o destaque a Madalena que tendo sido liberta persevera na
devoção do Seu Libertador.
A despeito de elas terem ido no intuito de ungir ao corpo de Jesus,
verificamos que elas tinham amor e devoção por Jesus, no entanto, a fé em
relação às Suas Palavras não foi manifestada por elas. O autor de Lucas nos
menciona que os anjos lhes disseram (Lc 24.5-8):
(...) Por que buscais o vivente entre os mortos? Não
está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na
Galiléia, Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens
pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressuscite.
E lembraram-se das suas palavras.
É importante notar que
mesmo elas tendo ido numa manifestação de devoção e amor, não mantiveram a fé
na Sua ressurreição. Essa incredulidade não fora apenas das mulheres, mas
também de seus próprios discípulos (Cf Lc 24.9-12).
No terceiro e quarto versículo
temos uma dupla menção a pedra do sepulcro. A primeira diz respeito a
preocupação das mulheres em saber quem as ajudaria na remoção da pedra, e na
segunda citação a menção é de que a pedra (que era muito grande) já fora
removida. Encontramos aqui também um paralelismo,
enquanto elas se preocupavam com a pedra ou com quem as ajudaria para
revolvê-la, a pedra que era muito grande, fora revolvida de forma sobrenatural.
Há aqui nesse texto (16.1-8) um perícope
que tem por finalidade apresentar a ressurreição. Não se trata de alguém que
roubou o corpo de Jesus, pois além da guarda que estava selando até o terceiro
dia o sepulcro, quando houve o terremoto que o anjo desceu para revolver a
pedra, os guardas também viram e ficaram assombrados e como mortos, mas ao
falarem para os príncipes foram subordinados e instruídos a mentirem (Mt 27.62
– 65; 28.2-4, 11-15), mas Marcos nesse recorte que ele faz do acontecimento,
ele deixa aclarado que Jesus foi (h)ge/rqh)
erguido, levantado, ressuscitado, e que as mulheres ouviram do próprio anjo que
lhes testemunhou. E era exatamente o que dantes já havia predito aos seus
discípulos. Houve algo sobrenatural. Não precisou de mãos humanas para revolver
a grande pedra que estava como porta do sepulcro, houve algo sobrenatural. É
perceptível aqui também que não encontramos os guardas à porta, se as mulheres
que seguiam a Cristo estavam estupefatas, os guardas deveras com veraz certeza,
desapareceram de medo. Lucas e João falam de dois seres, Mateus e Marcos
mencionam apenas um. O fato é que, pelo poder sobrenatural um deles revolveu a
enorme pedra do sepulcro. E ainda testemunhou-lhes a respeito da ressurreição,
trazendo a reminiscência de que a respeito desse fato ele já havia falado (Mc
16.7; cf Lc 24.5-8).
Nesse perícope do texto (16..1-8) verificamos também um quiasmo, pois enquanto elas procuram o
morto ele está vivo. Ele foi para a sepultura, haviam guardas que estavam de
sentinela, mas o túmulo ficou vazio, Ele estava morto, mas foi levantado da
sepultura, do mundo dos mortos, Ele vive. O natural cruza com o sobrenatural. A
crucificação e morte na cruz cruza com a ressurreição e vida no tumulo de
Jesus. O terrenal cruza com o eternal no tumulo de Jesus. A vida cruza com a
morte. A vida vence a morte. E é exatamente sobre isso que Marcos quer chamar a
atenção. Jesus, a despeito de tudo, está vivo.
Há um destaque no versículo 7 ao apóstolo Pedro. Apenas em Marcos
verificamos essa menção, esse destaque. Poderemos inferir daqui que de fato
Marcos escreveu do que ouviu do apóstolo. Há aqui uma citação importantíssima
no que diz respeito a graça, a misericórdia, a compaixão e ao conhecimento
profundo que Jesus tem de cada ser humano. Jesus havia dito (Mt 10.32-33):
Portanto, todo aquele que me confessar diante
dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus;
mas aquele que
me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos
céus.
Mas também previu que Pedro o negaria (Mc 14.30, 31, 72). E depois que
aconteceu, é possível que pensasse que não havia perdão pra ele e que seu caso
foi de total desconfiança. Ainda que os demais tivessem também negado, a nenhum
deles Jesus dissera com tanta propriedade a respeito da negação, como fez com
Pedro. O discípulo assegurou-lhe que não o faria, mesmo que tivesse que morrer,
mas por fim O negou. Jesus deveria negar-lhe também? Pedro saiu e chorou
arrependido amargamente, Jesus conhecia também o seu coração e a fragilidade
humana e que não se vence com a força humana, mas com o poder sobrenatural do
Espírito Santo. Por isso, influenciado por testemunho de Pedro, Marcos inclui a
história e destaca a recomendação do anjo relacionada ao discípulo, como quem
diz: Jesus entendeu tudo e já perdoou.
As mulheres saíram do sepulcro com muito temor, sem dizer palavras... O
texto de Marcos findado no versículo 8 parece que falta a conclusão ou carece
de uma continuação. Em conflito com a Crítica Textual, parece-nos inconcebível
que o texto tenha terminado em (ga/r) porque,
uma conjunção explicativa conclusiva, mas que explica apenas o não ter dito
o que acabaram de testemunhar a ninguém, e é muito complexo porque o verbo
utilizado pelo ser angelical em relação ao contexto (u(pa/gete) está no presente do imperativo ativo,
ide-vos, a ordem era que fossem naquele momento, fazer o quê? (ei)/pate
toi=j maqhtai=j au)tou= kai\ t%= Pe/tr%) “...dizei aos discípulos dEle e a Pedro...”, o verbo no aoristo está no
imperativo ativo, era uma ordem deveria dizer. Há sim, uma exigência textual
para que se continue o texto. Marcos está escrevendo no intuito de promover a
fé, a esperança, a perícope final diz respeito a ressurreição, não faz sentido
terminar com uma palavra de silêncio e de temor, por isso mesmo que exige-se a
complementação do texto do ultimo capitulo de Marcos, o que na sequencia vai
simplesmente acontecer, de conformidade com que o anjo lhes ordena, Maria
Madalena foi aos discípulos anunciar o que viram.
Considerações finais
O texto de Marcos 16.1-8, apresenta-nos tem como objetivo maior
apresentar a ressurreição de Jesus. Marcos é enfático em afirmar que Ele
ressuscitara no primeiro dia da semana, e que as mulheres foram as primeiras a
testemunharem da ressurreição.
O texto marcano é composto de um perícope, com paralelismo, dístico,
quiasmo, onde tem a intenção de destacar a ressurreição de Jesus Cristo de
forma sobrenatural. Nesse texto vemos a literatura marcana trazendo as mulheres
como pessoas destacadas, importantes, não inferiorizadas. Mas também observamos
que mesmo tendo amor e devoção, não estavam crendo no que lhes havia ensinado
sobre a Sua ressurreição. Podemos aplicar esse contexto, no atual cristianismo
em que muitos procuram o que Jesus faz, como curas, libertação... mas não
centram-se nas verdades do Evangelho.
Observamos também o cuidado de Jesus em relação a ovelha caída, Pedro,
mas a preocupação no sentido de recuperá-lo, de “não deixá-lo no chão”, porque
Ele conhece o profundo de cada coração e sabe as fraquezas e intenções de cada coração.
A despeito da ressurreição e ordem angelical de que se fossem e
anunciassem, é muito complexo não creditar a Marcos os versículos subseqüentes
(9-20), mesmo porque, gramaticalmente e textualmente fica faltando a conclusão
de objetivo de Marcos.
Portanto, o fechamento do Livro de Marcos, que pode ser tranquilamente
atribuído ao que ouviu de Pedro, trata da ressurreição de Jesus, o Nazareno, em
cumprimento daquilo que dantes havia dito.
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Comentário do Novo Testamento