Mas o fruto do Espírito é amor...
O apóstolo Paulo está
escrevendo aos Gálatas (c. 49 d.C). A Igreja da Galácia (província romana) era
composta por Antioquia da Psídia, Listra e Derbe... era uma província habitada por um
grupo étnico celta. Claro, era um povo gentílico, mas que havia sido
alcançado pelo Evangelho através de Paulo (e Barnabé) em sua primeira viagem.
Na
Igreja da Galácia estava havendo problemas com os judeus que havia se
convertido ao cristianismo. Eles estavam insistindo para que os cristãos não
judeus praticassem a Lei de Moisés, fizessem a circuncisão, vivessem a partir
da Lei, mas Paulo vai de encontro a esse pensamento no que tange as práticas
dos judeus e afirma que os cristãos estão livres dos ritos judaicos e que agora
precisam deixar de viver na “carne” e viver sob o domínio do Espírito Santo.
O
apóstolo vai trazer as obras da carne e o fruto do Espírito. A oposição
existente entre a carne e o Espírito. Por quem formos guiados, se pela carne ou
pelo Espírito, deliberadamente, serão encontradas as obras ou o fruto.
Lembrando que o fruto do Espírito está no singular, mesmo na língua original
que foi escrito o Livros dos Gálatas (grego koinê). O fruto implica apenas num,
com diversas características.
E
Paulo inicia afirmando que se eles fossem (e se formos) guiados pelo Espírito
não cumprirão (cumpriremos) as concupiscências da carne e não estarão
(estaremos) debaixo da Lei. As obras da carne são (Gl 5.19-21):
(...) Adultério, fornicação,
impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, iras,
pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e
coisas semelhantes a estas, acerca das quais de antemão vos declaro, como
também já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino
de Deus.
E
continua apresentando que o Fruto do Espírito é: Amor... Nessa exposição do
Fruto do Espírito Paulo nos dará nove características. Dessas vamos, para o
momento, nos deter na primeira: AMOR.
Primeiro
é preciso deixar claro que o Espírito a quem Paulo apresenta, não é o espírito
humano, mas sim o Espírito Santo de Deus. O espírito humano está adormecido em
delitos e pecados (Ef 2.1) e precisa ser vivificado pelo Espírito de Deus.
Logo, o Espírito que Paulo expõe aqui é o Espírito que derrama o Amor de Deus
em nossos corações (Rm 5.5).
A
Carta de Paulo aos Gálatas está escrita em Grego Koinê, que era a língua
universal da época. Assim sendo, para a língua grega costuma-se utilizar-se de
algumas palavras diferenciadas para “amor”. São essas: Agápē (ἀγάπη), Philía (φιλία), Storgē
(στοργη), Érōs (έρως). Cada
uma com sua particularidade. Érōs
implicando no amor carnal, com conotação sexual, o amor entre um homem e uma
mulher; Storgē o amor da
família, de pais para filhos, o amor entre os família; Philía o amor
fraterno, da fraternidade, da amizade; e Agápē como sendo o Amor Divino,
o Amor incomparável, o Amor incondicional, o Amor-sacrifício.
Quando pensamos nesse
AMOR (Agápē), estamos pensando naquele AMOR que Deus nos AMOU DE TAL
MANEIRA, QUE DEU O SEU FILHO PARA MORRER SACRIFICADO pelo pecador. Aquele mesmo
AMOR que não pode ser mensurado, o Amor incalculável, o Amor que os adjetivos
não conseguem descrevê-lo, no entanto, a história do Amor de Deus declara:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para
que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”.
O Amor de Deus é tão
intenso, tão alto, tão largo, tão profundo que não pode ser medido. É o Amor
que não há possibilidades de um ser humano carnal possuir, não é impossível
tê-lo por vontade própria ou por meritocracia. O Amor de Deus é dado por
intermédio do Espírito de Jesus.
O Amor de Deus (I Co
13.4-8):
(...) é sofredor, é
benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se
ensoberbece. Não se porta com
indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; 6.
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta. 8. O amor nunca falha; (...)
Sendo
sofredor sente o outro, as necessidades do outro, as calamidades, as misérias do
outro. Sendo benigno é bondoso, cortês, prestativo para o outro. Não sendo
invejo, quer sempre ver o outro bem. Jamais trata com leviandade, mas com
seriedade. Não se orgulha, jamais é indecente, não busca interesses pessoais,
mas busca a ajuda nos interesses dos demais, não se irrita, não suspeita mal,
não folga com a injustiça, mas sim com a verdade. “Tudo sofre, tudo crê, tudo
espera, tudo suporta. O amor nunca falha (...)”.
Assim
é o Amor de Deus. E se é verdade que O Espírito Santo está em nós, Ele derrama
esse Amor nos nossos corações. Filhos de Deus não conservam o ódio, filhos de
Deus sofrem pela calamidade do próximo, jamais se alegra com injustiças, é
bondoso, prestativo, jamais é invejoso, jamais trata com precipitações e sem
seriedade, jamais se orgulha, não é indecente e jamais busca seus próprios interesses,
não se irrita, não vive suspeitando mal, “tudo sofre, tudo crê, tudo espera,
tudo suporta...” quem tem o Amor de Deus em sua vida, sabe que o Amor jamais
falhará.
O
Amor de Deus não está ligado as coisas da carne, nem é limitado ao amor de
família, nem dos amigos, e nem da fraternidade, o Amor de Deus está para além
de todos os amores. O Amor de Deus constrange-nos a ser mais de Deus, a amar as
pessoas, independente do que sejam. O Amor de Deus é capaz de dar a vida pelo
próximo.
Portanto,
nada está perdido quando se refere ao Amor de Deus. Ele é capaz de AMAR o mais
vil pecador. Restaurar. Restituir. Criar uma vida nova e dar Vida de Deus, Vida
Eterna.