terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo

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Na Pedagogia da Autonomia, o professor Paulo Freire trata no primeiro capítulo, mais precisamente no tópico 1.6 que, Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo. Observei cada palavra que ele mencionou e fiquei refletindo a respeito. Na verdade não há muita novidade no que ele mencionou, mesmo porque o próprio Jesus Cristo já instruira aos seus discipulos a ensinar e praticar o que  Ele ensinou e praticou. Jesus viveu o que ensinou, e se temos um exemplo-mor de viver o que prega, esse paradigma com veraz certeza é do Nazareno.
Freire (2010, p. 34) vai nos trazer que o professor que realmente trabalha os conteúdos, tendo em vista o pensar certo, nega a fórmula farisaica do "faça o que mando e não o que eu faço", e claro, ele nos remete aos fariseus da época de Jesus que viviam uma santidade no exterior, mas o seu interior era repleto de negatividade, verdadeiros "sepulcros caiados" (Mt 23.27), por fora pintados, nos dias hodiernos temos alguns de mármore, mas por dentro só existe ossos e putrefação. Ele vai nos trazer que "as palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem", e isso era exatamente o que acontecia dos dias do Cristo, pois que os fariseus viviam assentados na cadeira de Moisés (Mt 23), ensinavam e não viviam o que ensinavam, por isso mesmo foram reprovados como ensinadores pelo Filho do Homem.
Quando o autor supracitado afirma que Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo, está simplismente afirmando que as palavras ensinadas precisam de uma existencia fisíca, visível, tangível, nos atos, nas ações de quem está empregando-as, de quem está ensinando, de quem está predicando. Palavras sem ações palpáveis são meros discursos sem vida. Não tem poder de transformar, de modificar, de fazer crescer, de produzir ouvintes capazes de ensinar, de perquirir, de ser um ouvinte revolucionário no entendimento, na compreensão e na disposição de produzir outros transformadores. Foi exatamente assim que Jesus Cristo ensinou, vivendo, praticando, trasnformando, modificando, produzindo outros transformadores, modificadores, ensinadores capazes de pregar e viver o que pregaram.
Paulo, que se considerou o menor dos apóstolos (ainda que tenha sido dos maiores), assim ensinou a respeito do ensino, da pregação: "Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado" (I Co 9.27). Seu cuidado era pregando, não ser reprovado.
Será mesmo que os nossos púlpitos estão ensinando a pensar certo, ensinando a ensinar de forma corporeificada, vivida, praticada?
Será que nós estamos vivendo na pratica o que estamos ensinando?
Será que os nossos pupilos não estão nos reprovando?
Quando ensinamos sobre o amor, devemos então praticar o amor, é assim que provamos que somos filhos de Deus (I Jo 3.14; 4.12, 19; 5.2), se ensinamos perdão, devemos então perdoar, se ensinamos humildade, devemos viver aprendendo e vivendo como Cristo: "...aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração..." (Mt11.29).
Se ensinamos unidade, não podemos viver em separação;
Se ensinamos confiança, não podemos viver desconfiados;
Se ensinamos concórdia, não podemos viver na discórdia;
Se ensinamos a simplicidade, não podemos viver na complexidade;
Se ensinamos Jesus, precisamos morrer para o mundo e viver para Deus.
Portanto, pensar certo, é viver aprendendo e jamais acharmos que somos os donos da verdade, pensar certo é ensinar certo, sabendo que, ensinar certo é viver o que se está ensinando.









______________________
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. saberes necessários à pratica educativa. 42ª reimp. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

domingo, 25 de setembro de 2011

NEOPATRIMONIALISMO E A QUESTÃO DO ESTADO



FICHAMENTO (Cap 2) – NEOPATRIMONIALISMO E A QUESTÃO DO ESTADO[1]



A QUESTÃO DO ESTADO(2)


·         “Uma das diferenças centrais entre as democracias ocidentais e sociedades como a brasileira, cujas instituições políticas estão sujeitas a um processo aparentemente interminável de instabilidade, é a natureza distinta do Estado e das relações deste com os demais setores da sociedade.”
·         “A expressão "neopatrimonialismo" talvez seja adequada para aplicar-se ao sentido atual do conceito (...)”
·         “Reinhard Bendix chama a atenção para a existência de dois enfoques principais em teoria política, formulados, pelo menos, desde Maquiavel. O primeiro e o mais antigo deles, legado pelo próprio Maquiavel, vê os fatos e os eventos políticos como funções de habilidades e virtude do líder político, o Príncipe.”
·          “A outra tradição teórica provém de Rousseau. Em sua concepção, o Estado atua por delegação do povo, segundo um contrato social explícito e bem-delimitado. A idéia de um contrato social possui, historicamente, um significado ideológico e normativo, já que se originou dentro de um contexto de luta contra o absolutismo. Mas tem, também; o valor sociológico de constituir uma proposição empírica relativa à maneira pela qual a política é conduzida, quando os grupos sociais são fortes e o governo fraco.”
·          “A noção contratualista do Estado equivale a uma revolução coperniana do pensamento político, causando uma mudança de perspectiva que levou, muitas vezes, à própria negação do Estado como uma variável autônoma, digna da atenção do analista político.”
·         “A visão contratualista do Estado foi parte das ideologias políticas liberais que surgiram com a revolução burguesa e ganhou maior aceitação justamente nos países em que a revolução burguesa mais se aprofundou.”
·          “(...) o Estado brasileiro é profundamente distinto do Estado francês, ou soviético, torna-se necessário deixar de lado essa tradição do pensamento liberal e partir para uma perspectiva que tome em conta essas variações. Nessa nova perspectiva, o Estado não aparece apenas como um conceito referente à integração e soberania do povo de um determinado país em cujo caso a noção de diferentes níveis ou "graus de estatismo" não teria sentido -, mas, ao contrário, diz respeito a uma instituição específica dentro de um país, que não apenas executa funções de manutenção de fronteiras e de soberania, mas pode ser menor ou maior, mais forte ou mais fraca, independente ou controlada por outros grupos e instituições sociais.”
·          “Na tradição hegeliana e marxista, Estado e Sociedade são tomados como entidades distintas e freqüentemente contraditórias. Hegel distingue a sociedade civil, que é o estado da necessidade, do Estado, que representa a vontade geral, a unidade de vida política. De maneira mais específica, para Hegel, a sociedade civil é o fenômeno do Estado, e o Estado a idéia da sociedade. Para Hegel, portanto, o problema da conciliação entre o público e o privado, da liberdade individual e da unidade da vontade geral, já estava resolvido.”
·          “Para Marx, é a sociedade civil que é a realidade essencial, sendo o Estado somente seu fenômeno, sua aparência, porque é na sociedade civil que o homem trabalha e vive sua vida real.”
·         “Para Hegel, a burocracia era a alma do Estado, e as atividades individualizadas dos servidores públicos tinham o sentido de uma função universal. Para Marx, no entanto, os burocratas terminavam por fazer dessa função universal seu negócio particular. Para Hegel, um pressuposto básico para essa burocracia era a organização da sociedade civil em corporações autônomas.”
·         (...) Para Marx esse tipo de relacionamento entre sociedade civil e o Estado não levaria senão á criação de um outro tipo de corporação privada, a própria burocracia (...)”
·         “A burocracia se apropria da essência do Estado, da essência espiritual da sociedade, como suapropriedade privada. O espírito universal da burocracia é seu segredo, o mistério mantido dentro da própria burocracia pela hierarquia e mantido desde o exterior pelas suas características de corporação fechada. O espírito aberto e o sentimento de patriotismo são assim, para a burocracia, a traição a seu mistério.”
·         “O que é mais importante em tudo isto é que não se trata simplesmente de duas maneiras distintas de entender a questão do Estado, mas de duas maneiras historicamente diferentes de organização do 'Estado. O próprio Maquiavel chamava a atenção para a existência de dois tipos de governo, um exercido pelo "Príncipe e seus súditos" e o outro pelo "Príncipe e pelos barões". Enquanto no primeiro tipo o Príncipe é a única fonte de poder, no último há direitos de influência política obtidos por hereditariedade e que não dependem das graças do Príncipe. Este segundo tipo de poder político caracteriza o estado de equilíbrio entre o poder central e o que mais recentemente seria denominado a "sociedade civil", cada qual com alguma autonomia de decisões e iniciativa, e com cada um tentando limitar e dirigir o comportamento do outro.”
·          “(...) O importante aqui é a idéia de que essa não é uma simples questão de diferenciação funcional, na qual o Estado executa as funções políticas de autoridade e dominação vertical, enquanto os "barões" detêm as funções horizontais de solidariedade e de agregação e articulação de interesses. Na realidade, o que acontece é que a agregação e articulação de interesses particulares são levadas a efeito dentro das estruturas de autoridade, ao mesmo tempo que os sistemas de autoridade se desenvolvem no setor "privado" da sociedade e se estendem em direção ao controle do Estado. O equilíbrio real entre essas duas tendências varia e deve ser determinado historicamente.”



PATRIMONIALISMO E FEUDALISMO



  • “O termo "patrimonialismo" - um conceito fundamental na sociologia de Max Weber - é usado para se referir a formas de dominação política em que não existem divisões nítidas entre as esferas de atividade pública e privada. Marx, embora não fale explicitamente de patrimonialismo, discute o conceito de "modo de produção asiático", que tem com ele um parentesco bastante próximo.”
  • “Marx distingue dois sub-tipos dessas formas pré-capitalistas. Um deles geralmente se baseia na organização de economias rurais em grande escala, comumente por meio de sistemas de irrigação nacionalmente integrados, enquanto o outro se desenvolve mais fundamentado em centros urbanos, onde "a guerra é, pois, a grande tarefa coletiva, o grande trabalho comum, exigido seja para se assegurar as condições materiais de existência, seja para defender e perpetuar a ocupação".”
  • “(...) esse tipo de organização econômica e política não se ajusta ao modelo evolutivo que vai da escravatura á servidão, passando pelo trabalho assalariado e pelo capitalismo, modelo ao qual pertence o conceito de política de grupos de interesse e que está mais ou menos implícito nas teorias de desenvolvimento social do "Estado desestatizado". De fato, os Estados ocidentais que atingiram altos níveis de desenvolvimento durante este século seguiram mais ou menos esse padrão, e há uma grande correlação entre um sistema descentralizado e de características feudais do passado e o grande desenvolvimento econômico deste século.”
  • “Para Max Weber, patrimonialismo era um tipo de dominação tradicional, e isto conduz muitas vezes aqueles que tratam de aplicá-lo a sociedades contemporâneas diretamente aos conceitos de sociedades "modernas" ou sociedades "tradicionais". A tese aqui, no entanto, é que os elementos "tradicionais" não são os mais centrais no conceito weberiano.”
  • “As raízes da dominação patriarcal se desenvolvem a partir da autoridade do senhor sobre a unidade familiar. Esta autoridade pessoal comparte com a dominação burocrática, que é feita de forma impessoal, sua estabilidade, seu caráter rotineiro e "de todos os dias". Mais ainda, ambas em última análise encontram seu apoio interno na aceitação de suas normas por parte dos súditos.”
  • “(...) Estado patrimonial quando o príncipe organiza seu poder político sobre áreas extra-patrimoniais e súditos políticos - poder que não é discricionário nem mantido pela coerção física - exatamente como exerce seu poder patriarcal. A maioria de todos os grandes impérios continentais teve forte caráter patrimonial até o início e mesmo depois dos tempos modernos.”
  •  “(...) Weber dá uma definição ideal-típica, quando se preocupa com a legitimidade da dominação patrimonial. O que importa aqui, no entanto, é a caracterização desse tipo específico e tão difundido de organização política, e que contrasta tão fortemente com a outra variante conhecida de dominação tradicional, o feudalismo. (...) a estrutura das relações feudais pode ser contrastada com a ampla gama de discricionaridade e correspondente instabilidade das posições de poder sob o regime de puro patrimonialismo. O feudalismo (ocidental) é um caso marginal de patrimonialismo que tende para relações estereotipadas e fixas entre senhores e vassalos. Da mesma forma que a unidade doméstica e seu comunismo patriarcal se transformam, na época da burguesia capitalista, em empresa associada baseada em contratos e direitos individuais específicos, assim também as grandes propriedades patrimoniais tendem a conduzir aos vínculos igualmente contratuais das relações feudais na idade da Cavalaria Militar.”
  •  “Uma diferença fundamental entre patrimonialismo e feudalismo, portanto, é a maior concentração de poder discricionário combinado com maior instabilidade nos sistemas patrimoniais.”
  • “Quando existe uma associação de "estamentos" (nos sistemas feudais), o senhor governa com a aluda de uma "aristocracia" autônoma e conseqüentemente comparte sua administração com ela; o senhor que administra de forma pessoal (no sistema patrimonial) é ajudado seja por pessoas de sua unidade familiar, seja por plebeus. Eles formam um estrato social sem propriedades e que não tem honra social por mérito próprio; materialmente, são totalmente dependentes do senhor, e não têm nenhuma forma própria de poder competitivo.”


NEOPATRIMONIALISMO


  • “É precisamente neste sentido que os estados modernos que se formaram à margem da revolução burguesa podem ser considerados "patrimoniais". Este patrimonialismo moderno, ou "neopatrimonialismo", não é simplesmente uma forma de sobrevivência de estruturas tradicionais em sociedades contemporâneas, mas uma forma bastante atual de dominação política por um "estrato social sem propriedades e que não tem honra social por mérito próprio", ou seja, pela burocracia e a chamada "classe política".”
  • “A linha de continuidade que Weber estabelece entre dominação patrimonial tradicional e dominação burocrática (que o leva a falar, muitas vezes, em "patrimonialismo burocrático") deve ser vista em contraste com a continuidade que parece existir entre feudalismo e dominação racional-legal, que surge historicamente associada à emergência do capitalismo. O que as duas primeiras têm em comum é que em ambas o poder central é absoluto e incontestável, ainda que organizado, sustentado e legitimado por sistemas completamente diferentes de normas e valores.”
  •  Visto de outra perspectiva, o que patrimonialismo e feudalismo têm em comum, por um lado, e neopatrimonialismo e dominação racional-legal por outro, é o aspecto "tradicional" dos primeiros e "moderno" dos segundos.”
  • “A organização burocrática geralmente chega ao poder através de uma diminuição das diferenças sociais e econômicas... A burocracia inevitavelmente acompanha a democracia de massas moderna, em contraste com o auto-governo de pequenas unidades homogêneas. Isto é um resultado de seu princípio característico: a regularidade abstrata do exercício da autoridade, que é um resultado da demanda por "igualdade ante a lei" no sentido pessoal e funcional e, conseqüentemente, do horror ao "privilégio", e da rejeição, por princípio, das decisões tomadas de forma casuística.”
  •  “(...) a dominação racional-legal pode degenerar em totalitarismo burocrático, é possível para este tipo de burocracia subsistir somente com 'seu componente racional, mas sem seu componente legal. Este é, em uma palavra, o elo teórico que faltava para a compreensão adequada dos sistemas políticos neopatrimoniais: a existência de uma racionalidade de tipo exclusivamente "técnico", onde o papel do contrato social e da legalidade jurídica seja mínimo ou inexistente.”
  •  “(...)  a persistência de um sistema patrimonial ou de elementos patrimoniais em um sistema político moderno tem pouco a ver com "cultura", e muito com o sucesso ou fracasso do líder político em manter seu poder absoluto, em contraste com a capacidade de arregimentar forças próprias por parte dos subordinados.”
  • “Há algumas características do patrimonialismo que levam, mais ou menos diretamente, a divisões políticas, passíveis de surgir nos Estados que apresentam este tipo de dominação.
- Estados patrimoniais tendem a se desenvolver como civilizações urbanas. Tais centros urbanos podem ser tanto a capital do império como uma cidade-Estado, com interesses comerciais e militares fora de suas fronteiras.
-  Há uma clássica tensão entre o governante e seus prepostos (...)
- Há um padrão de beligerância contínua entre o Estado patrimonial e outros Estados vizinhos. É razoável supor-se que, de fato, a ocupação militar e a exploração direta sejam apenas casos extremos da expansão patrimonial militar. A história dos antigos impérios, inclusive do Império Romano, mostra um nítido padrão de expansão que inclui, em primeiro lugar, a ocupação militar, o saque e a escravização de parte da população local. Mais tarde, porém, ocorre o estabelecimento de um tipo de federação entre conquistadores e conquistados, muito freqüentemente com a manutenção das classes dominantes locais em suas posições. “

  • “Pensar em Estados modernos como possuindo forte componente neopatrimonial leva a reexaminar a questão da participação política nestes Estados. Nas sociedades tradicionais, a participação política estava limitada aos nobres, aos cavaleiros, ou "homens de bem". Nas sociedades modernas, a participação é estendida a todos, mas sua forma e intensidade variam, desde o eleitor bem-comportado que comparece voluntariamente às eleições até o militante que joga sua vida em manifestações de rua.”
  • “Max Weber pode ser útil, com sua distinção clássica entre situações de classe e situações de status. O termo "classe" é utilizado para se referir a pessoas que compartem "a mesma oportunidade típica de acesso a bens de consumo, condições externas de vida e experiências de vida pessoais", em função de seu poder econômico. Uma "situação de classe" é, neste sentido, em última análise uma "situação de mercado". O sentido de "status" é melhor entendido em contraposição ao de classe (...)”
  • “Em contraste com a "situação de classe", determinada de forma puramente econômica, designamos como "situação de status" todos os componentes típicos do destino e da vida dos homens que é determinado por uma avaliação social específica, positiva ou negativa de honra... A estratificação por status ocorre de mãos dadas com a monopolização de oportunidades e bens materiais e ideais.”
  •  “A participação política pode estar relacionada tanto com situações de classe como com situações de status. A revolução política burguesa foi, em sua época, um movimento que visava quebrar os monopólios de bens e oportunidades baseados em privilégios de status, e colocar em seu lugar um sistema de estratificação baseado em critérios estritos de mercado.”
  • “O termo "corporativismo" tem sido usado na literatura para se referir a esta forma de organização estamental da sociedade, e fez parte durante várias décadas das propostas políticas dos regimes autoritários, principalmente aqueles de inspiração católica conservadora. Não há dúvida, no entanto, que é necessário distinguir os sistemas corporativos de tipo autoritário, baseados no ordenamento hierárquico da sociedade por um Estado forte, daquelas formas de corporativismo resultantes da reorganização de setores importantes da sociedade, após os efeitos devastadores da revolução burguesa.”
  • “No caso brasileiro, a coexistência de um Estado com fortes características neopatrimoniais levou, no passado, à tentativa de organização da sociedade em termos corporativos tradicionais, criando uma estrutura legal de enquadramento e representação de classes que perdura até hoje.”
  •  “Uma parte importante do sistema de cooptação criado a partir do regime Vargas foi o Ministério do Trabalho e o sistema previdenciário, mais tarde transformados em capital político do Partido Trabalhista Brasileiro. Era um sistema de tipo corporativo, na medida em que ligava todo um setor da sociedade ao Estado e tratava de proporcionar direitos sociais e econômicos especiais a seus participantes - aposentadoria, salário mínimo, assistência médica etc. - fora do mercado.”
  •  “Os sistemas de cooptação ocupam um lugar intermediário entre os sistemas corporativos e a política aberta de grupos de interesse. Quando são efetivos, tendem a reduzir o conflito político pela limitação de seu escopo, ao estabelecer monopólios irredutíveis de privilégios. Eles criam, ao mesmo tempo, estruturas de participação política débeis, sem consistência interna e capacidade organizacional própria.”



CONSIDERAÇÕES FINAIS COM O GOVERNO DE DEUS

O maior e melhor governo é sem dúvidas o governo de Deus.
A basileia de Deus está dentro de nós, quando nos propomos a servir e seguir a Deus em espírito e em verdade.
No governo de Deus não há autoritarismo, há autoridade, soberania, Domínio de tudo e de todos, sem contudo haver despotismo, o que há é amor, perdão, misericórdia... Na basileia de Deus não há patrimonialismo e nem feudalismo e nem tão pouco neopatrimonialismo, no Reino de Deus há equidade.
Clamemos para Reino de Deus.
Maranata, vem Senhor Jesus.







[1] SCHWARTZMAN, Simon.  Bases do Autoritarismo Brasileiro. ed. Revista e Ampliada - Editora Campus, 1988
[2] Fichamento para a disciplina de Formação do Estado no Brasil

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Atento ao tempo e a Sorte


O sábio Salomão discorreu acerca do tempo afirmando que havia tempo para todos os propósitos debaixo do céu. O tempo que ele menciona é o tempo kairos[1] implicando num tempo exato, tempo fixo e definido, tempo certo, ao tempo de Deus para ser mais exato.
No entanto, é bom lembrarmos que a esse tempo não podemos ficar alheio a situação, como se tentássemos burlar esse tempo, ou fazer com que ele chegue, ou mesmo adiarmos, esse tempo já está pré-estabelecido.
No Livro do Pregador, Salomão vai nos trazer que o ...o tempo e a sorte pertencem a todos...[2], e já sabemos que não podemos controlar esse tempo, assim como a sorte que traz entre outros significado o de encontro (LXX), e que parece-nos dizer que o kairos e o encontro com ele, com o tempo, o encontro oportuno pertence a todos.
Nem por isso podemos barganhar com a sorte, usar de subterfúgios para alcançarmos o desejado, porque, como bem disse um dos nossos poetas da MPB[3]:

Não adianta um pé de coelho no bolso traseiro
Nem mesmo a tal ferradura suspensa atrás da porta
Ou um astral bem maior que o da noite passada,
Pois toda sorte tem quem acredita nela
Não é preciso dizer que dará recompensa
Não faça isso 
Há muitos que gostam de criticar
Esperam a sorte sentados sem sair do lugar
Mas toda sorte tem quem acredita nela

Não adianta ir a igreja rezar (orar) e fazer tudo errado
Você quer a frente das coisas olhando de lado
O céu que te cobre não cobra a luz da manhã
Desperte pra vida, acredite, a sorte é irmã


Não é através de amuletos que se consegue a sorte, mesmo porque, entendemos sorte como o encontro, a oportunidade que Deus dá a todos os seres de conseguir aquilo que deseja ou que fora preparado para o devido tempo (kairos) estabelecido.
Já disse certo filósofo que: “Há três coisas que passam e não voltam mais: A flecha lançada, a palavra dita, e a oportunidade perdida” (autor desconhecido).  Assim sendo temos que, a oportunidade, a sorte ou o encontro pré-estabelecido deve ser aproveitado, jamais deve-se perder a oportunidade, seguindo sempre na direção do alvo, orando e buscando a equidade, olhando firmemente na direção correta, porque só assim, o tempo é percebível quando chegar e o encontro (sorte), a oportunidade é bem aproveitada. Só assim a oportunidade, o encontro, acontecerá para aqueles que confiam, que acreditam, que tem fé.











[1]A Septuaginta (AT em grego) nos traz kairos.
[2]Eclesiastes 9.11
[3] Sorte tem quem acredita nela – música de Fernando Mendes

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Absoluto ou Relativo

Vivemos numa geração onde tudo tende a ser relativo.
Querem que o amor seja relativo,
Que o ódio seja relativo,
Que a verdade seja relativa,
Querem que Deus seja relativo,
Que o cristianismo seja relativo.
O relativismo é uma "Doutrina ou tendência segundo a qual o significado ou valor de algo varia conforme à situação ou às relações com outros elementos e valores" (Dic. Aurélio).
Relativo é aquilo que depende da circunstância,
Da situação,
Da necessidade de adequação.
Nesse contexto atual, tudo é relativo:
O casamento até que a morte o separe é relativo,
O divórcio é relativo,
O pecado é relativo,
A porneia é relativa,
O lesbianismo é relativo,
O homossexualismo é relativo,
A bigamia é relativa,
A poligamia é relativa,
O vender o outro é relativo,
O ciúme é relativo,
A inveja é relativa,
A discórdia é relativa,
A ganância é relativa,
A falsidade é relativa,
A duplicidade de caráter é relativa,
A barganha é relativa,
A lisonja é relativa,
Enfim, no contexto do mundo atual tudo procura a adequação no relativismo.
No entanto, queiramos ou não,
Existem coisas que jamais deixarão de ser absoluto:
Independentemente de quem creia ou deixe de crer, Deus é absoluto,
Sua Verdade é absoluta,
Seus Decretos são absolutos,
Seus Mandamentos são absolutos,
Seu Amor é Absoluto,
Sua Paz é absoluta,
Sua Ação é absoluta,
Seus Decisões são absolutas,
Seu Juízo é absoluto,
Sua Palavra é absoluta,
O fim estabelecido por Deus é absoluto.
Não há como barganhar com Deus,
Não há como dizer que Ele se equivocou,
Não há como escapar do Juízo que Ele pré-estabeleceu para todos quantos rejeitam o Seu Nome e a Sua Vontade.
O céu é absoluto para aqueles que estão fazendo o Seu querer,
Assim como o inferno para aqueles que rejeitam o Seu projeto absoluto.
Independentemente de quem aceita ou renega esse absolutismo,
Deus simplesmente é Absoluto.
Sendo Absoluto,
Estabelece O CAMINHO como único meio absoluto de encontrar-se com Ele: Jesus.
Pelo Espírito Santo Ele continua hoje, de forma absoluta a nos convencer a está sempre fazendo a Sua Vontade,
Sendo assim, estaremos de forma absoluta para sempre com o SENHOR.




domingo, 18 de setembro de 2011

O que é Teologia?



Num mundo onde tudo é teologizado a pergunta é:
Afinal, o que é teologia?
Vivemos atualmente num momento em que todos são teólogos,
Todos têm os seus pontos de vista teológicos,
E todos acham que estão com a mais absoluta razão.
Podemos definir teologia como a ciência que estuda os atributos de Deus e Seu relacionamento com os seres humanos, bem como com sua criação em geral.
O propósito da teologia é fazer entender as ações da divindade em relação aos seres humanos, Seu propósito em direção aos homens (também mulheres é claro), na esfera temporal e também na esfera do porvir (eternal).
Aos que dizem que a Divindade criou o tudo e abandonou o tudo ao acaso, ainda não compreendeu o real papel da teologia, pois que essa mostra que a Divindade criou tudo, preserva e sustenta o que criou com atenção, com detalhismo, com soberania.
Aos que pensam em ser teólogos desconhecendo Deus, terminam por criar hecatombes teológicos capazes de destruir ao invés de construir.
A teologia surge para fazer conhecer melhor o Divino, ainda que saibamos que é impossível estudar Deus, mas naquilo que deixou-nos Escrito, precisamos dela para compreendermos melhor Suas Escrituras, afim de que possamos nos aproximar mais da Sua Vontade.
Ainda que todos se autodenominem conhecedor da teologia, é necessário, contudo, sistematização dessa ciência para que se possa compreender melhor e não sofrer o dano e nem fazer outros sofrerem, do inverossímil ensinamento, que contradiz, que lesa, que legaliza, mas que não transforma, que não salva, que não liberta, que não produz a paz e o amor.
A veraz ortodoxia teológica faz o homem aproximar-se de Deus a partir do Único Caminho – Jesus.
A veraz ortodoxia teológica nos trás as Santas Escrituras como única regra de fé e pratica, inspirada e revelada por Deus através do Espírito Santo.
A teologia é indubitavelmente um instrumento de Deus para o fortalecimento da fé. E é claro, estamos nos referenciando a teologia ortodoxa cristã.
   

sábado, 17 de setembro de 2011

É difícil quando...


É difícil entender,
Quando os dias passam,
Quando a noite vem,
Quando o grito ecoa,
Quando não tem ninguém.
Quando a lágrima escorre,
Quando o ontem chega,
Quando agente corre,
Quando se recorre,
Quando o quadro morre,
Quando finda a noite,
Quando o corpo dorme,
Quando a mente move,
Quando o mundo pára,
Quando o coração cala,
Quando se depara,
Quando numa ala,
Quando vemos passos,
Quando num cansaço,
Quando em pedaços,
Quando o filme passa,
Quando em meio a laços,
Quando o palhaço,
Quando tão nostálgico,
Quando a mascara cai,
Quando a vida é o palco,
Quando em meio a saltos,
Quando se chega ao hoje,
Quando os espinhos perfuram,
Quando se busca saída,
Quando se emoldura a lida,
Quando os impossíveis são paredes,
Quando as forças desistem,
Quando se vai a lona,
Quando as imagens giram,
Quando o passamento adentra,
Quando a esperança se vai,
Quando o sol declina,
Quando tudo é escuro,
Quando a chuva desce,
Quando desvanece,
Quando pesa o sonho,
Quando tão tristonho,
Quando cabisbaixo,
Quando o rumo falta,
Quando não sei o que fazer,
O que dizer,
Como proceder,
É difícil.
O melhor a fazermos é deixar tudo no "altar do Senhor",
Porque só então o impossível se torna possível,
O invisível se torna visível,
O indizível se torna dizível,
O inexplicável se torna explicável,
Só quando deixarmos tudo no "altar do Senhor".

domingo, 11 de setembro de 2011

Quando tudo silencia

O silêncio é algo por vezes assustador,
Mas é difícil termos o silêncio em absoluto.
Mesmo quando o mais escuro da noite chega,
Ainda assim ouvimos ruídos, barulhos...
O "silêncio" é por vezes ainda mais do que o silêncio,
Quando em meio a ruídos, a barulhos,
Quando em meio a sons estridentes,
Quando em meio a tempestuosas tempestades,
Não conseguimos ouvir a Voz de Deus.
Podemos está em meio a milhões de pessoas,
Podemos está em meio a orquestras mais harmoniosas ou estridentes,
Não conseguimos ouvir nada,
Tudo silencia.
Procuramos por todas as partes,
Em todas as vozes,
No mais ínfimo dos ruídos,
Tudo silencia.
Quando em meio a gritos da alma,
Quando em divagações da mente,
Quando o coração aperta e dilacera na busca,
Quando os "raios e trovões" barulhenta o nosso íntimo,
Procuramos ouvir a Voz de Deus,
Mas tudo silencia.
No entanto, "Quando em meio as lutas da vida, pudermos ficar em silêncio, poderemos ouvir a Voz Silenciosa de Deus dentro de nós" (Poliana).
Quando tudo silencia,
Deus está querendo falar conosco,
Está querendo que vejamos o que costumeiramente não conseguimos enxergar,
Porque tudo em nós está barulhento.
Quando tudo silencia queremos gritar,
E é o momento de ouvir.
Procuramos a Voz de Deus, mas procuramos com muito "barulho" dentro de nós,
Procuramos divididos entre a vontade de ouvir Deus e a vontade de respondermos tudo,
De entendermos tudo,
De resolvermos tudo,
Ficamos num barulho único dentro de nós,
E tudo silencia.
Não conseguimos ouvir a Voz Majestosa de Deus.
Precisamos as vezes silenciar também nossas razões,
Nossos conceitos,
Nossos preceitos,
Nossos preconceitos.
Precisamos silenciar os murmúrios de nosso íntimo,
Precisamos silenciar o nosso "eu",
Só então, daí então, ouviremos a Voz de Deus.
O SENHOR DEUS nos diz:
"E buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração".





quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Tempo de Deus e o tempo do homem

Tempo de Deus
Desde ab-aeterno Ele é Deus.
Ele vê o fim ainda antes que o início aconteça.
Os seus dias não tem fim.
Ele é o Pai da Eternidade.
Se a Eternidade existe, existe porque Deus lhe deu a existência.
Ainda antes de haver o tempo, Ele estabeleceu o Seu tempo.
O tempo de Deus, o Seu Kairos, fora estabelecido desde antes do tempo,
Ainda na eternidade, quando o Elohym, o Deus triuno, resolveu decretar o decreto da criação,
Quando decretou criar o tempo, Ele estabeleceu o Seu Kairos.
O ser humano vive o tempo (kronos),
A duração da nossa vida é de setenta anos e se alguns chegam a oitenta o melhor deles é canseira e enfado (Salmo 90).
O homem é um ser limitado ao tempo,
Por isso mesmo fica ansioso no tempo,
Inquieto com o tempo,
Perturba-se com o tempo,
Deseja que chegue logo o tempo,
E quando chega o tempo, preocupa-se o porvir.
O ser humano é temporal,
Deus é eternal.
O homem é finito ao seu tempo,
Deus é infinito.
Deus não se surpreende com nada,
Ele tem o controle de tudo e de todos os acontecimentos.
No tempo de Deus, que é Sua determinação de acontecimentos no tempo do homem,
Ele simplesmente realiza o que já viu de antemão realizado no Seu Decreto ainda na Eternidade.
Para o homem Ele deixou determinado o tempo para cada coisa:
Tempo de viver,
Tempo de morrer,
Tempo de rasgar,
Tempo de coser,
Tempo de falar,
Tempo de calar,
Tempo de guerra,
Tempo de paz
....   ....   ....
(Eclesiastes 3),
Para tudo Ele determinou um tempo,
Mas no tempo, Ele tem o Seu tempo (kairos),
Diferente do tempo (kronos) do homem,
No Tempo de Deus, Ele interfere no tempo do homem,
E faz o que dantes já predeterminou.
Ele não chega antes e nem depois,
Ele executa o Seu Projeto com Absoluto detalhismo,
Ele executa a Sua Vontade com plena perfeição,
Nada sai errado no Seu Plano,
Porque Ele já viu tudo feito desde ab-aeterno.
Sou do tempo (kronos) mas espero no tempo (kairos) de Deus.

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