domingo, 25 de fevereiro de 2018

TRÊS EXPECTATIVAS PARA UM LÍDER CRISTÃO EM I E II TIMÓTEO


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TRÊS EXPECTATIVAS PARA UM LÍDER CRISTÃO EM I E II TIMÓTEO[1]

RESUMO

Na perspectiva de refletirmos sobre a liderança de Paulo, e verificarmos as expectativas de um líder cristão em I e II Timóteo, tivemos como primeiro tópico de nosso trabalho Paulo e sua responsabilidade com os lideres e liderados, bem como a competência dessa liderança.
No segundo tópico abordamos Paulo e a formação de um caráter cristão, onde procurarmos trazer o caráter de um líder na expectativa de Paulo nas Epistolas a Timóteo.
E por fim trouxemos também a reflexão Paulo e o coração de um líder cristão, onde procuramos demonstrar pelas cartas a compaixão de um líder cristão na expectação de Paulo.




























Introdução


O trabalho objetiva uma reflexão sobre Três Expectativas para um Líder Cristão nas Epistolas Pastorais de Paulo ao seu pupilo Timóteo. Se bem que o discípulo já estava agora empreendendo, ou deveria estar, a outros e para outros os conhecimentos adquiridos de seu tutor.
O propósito dessa composição é apresentar a liderança de Paulo como modelo, como mestre, como mentor e enfim como paradigma para outros lideres que desejam o episcopado, extraindo esses adjetivos das Cartas que escreveu a Timóteo, quando estava em dificuldades, preso em Roma, mas a Palavra, a responsabilidade de liderança, o empenho em instruir outros não estavam presos (II Tm 2.9), estava em pleno exercício de liberdade, e ele exercia, ainda que não indo fisicamente, mas através de cartas e de muita insistência com Deus em oração.
Assim sendo, queremos refletir e expor sobre os conselhos paulino, sobre as estratégias, sobre seus anseios, sobre seus cuidados, sobre os pontos importantes relacionados à liderança cristã, tendo em vista o aperfeiçoamento da nossa própria experiência como lideres, bem como a averiguação da liderança nos dias hodiernos e sua relação com a liderança apresentada por Paulo a Timóteo.
Nos utilizamos de bibliografias de autores, das aulas ministradas, bem como do próprio texto sagrado, para a execução desse trabalho.
Portanto, pretendemos de forma sucinta, estudar as expectativas de Paulo em relação a liderança cristã nas Epistolas à Timóteo, verificarmos as dimensões dessa liderança e tentarmos fazer uma aplicação para a liderança cristã nos dias atuais.


I – PAULO E SUA RESPONSABILIDADE COM OS LIDERES E LIDERADOS


Ao lermos as Cartas de Paulo a Timóteo verificamos a grande responsabilidade do apostolo em relação à Igreja de Cristo, bem como seu esmero em disciplinar a liderança daqueles que estão e deveriam estar no encargo de cuidar do rebanho do supremo pastor. Sua preocupação com o ensinamento genuíno do Evangelho de Jesus Cristo e a suas advertências relacionadas aqueles que eram incômodos para a Igreja.
É preciso que tragamos a reminiscência a localização física do apóstolo, bem como uma visão geral (mesmo que superficial) dos dias contemporâneos às suas cartas a Timóteo, para vislumbrarmos um pouco melhor o caráter da liderança desse grande herói da fé.
Paulo estava já nos seus últimos dias (anos) terrenal, o Evangelho já havia sido pregado em “todo o mundo”[2] de então, agora o apóstolo estava preso em Roma[3] por amor ao Seu Senhor e ao Seu Evangelho. Mesmo assim a Palavra não estava presa.
Eram dias de perseguição do Estado contra os cristãos, e Paulo está preso em Roma, sem se envergonhar do Evangelho do Senhor Jesus, e o que ele deseja entre outras coisas é que a Igreja do Senhor Jesus não seja perturbada com falsos ensinamentos. Haja vista alguns se verem a si mesmos, como verdadeiros mestres, no entanto, ensinando uma outra doutrina. Paulo estava fragilizado no sentido fisiológico, abandonado por alguns, sentindo falta de outros, mas seguro e forte em espírito e confiante sem titubeio Naquele que o chamou e no aguardo Sua Vinda.



1.1  - A Responsabilidade em relação à Competência do Líder

Paulo começa trazendo a responsabilidade do líder Timóteo. Ele chama-o[4] a responsabilidade, com insistência para que ficasse em Éfeso, lembrando a Timóteo que o deixou lá exatamente para chamar outros a responsabilidade[5], para que não ensinem um outro Evangelho[6], uma outra doutrina (e(terodidaskalein)[7], uma diferente doutrina, uma doutrina que estivesse em total desigualdade com a que ele pregara, ensinara[8], pois em se tratando de outra doutrina (Evangelho), como disse aos gálatas, era amaldiçoada, porque apenas levariam pessoas a perdição (Cf I Tm1.6,7,19; 6.3-5; II Tm 2.14,16,23; 3.1-7). Paulo precisou deixar a Igreja de Éfeso para ir à Macedônia, mas preocupa-se com a Igreja que está deixando, e com o que deve ser ensinado na Igreja.
Era então da competência de Timóteo dar continuidade ao seu trabalho. Ele era competente para o trabalho porque era uma escolha divina, havia recebido Dom de Deus para a tarefa (Cf I Tm 1.18; 2.14; 6.20; II Tm 1.6,9; 4.6). No entanto, é necessário ao escolhido para obra que ele milite, desperte, não despreze o Dom (I Tm 1.18; 4.14; II Tm 1.6). Ele estava como uma verdadeira autoridade para não só ensinar, mas também para selecionar os que deveriam liderar na Igreja, isso era de sua inteira responsabilidade (Cf I Tm 1.3; 3.1-13; 4.1-16). Paulo também faz menção a Timóteo e de sua competência para que leve a Igreja a orar e orar pelas autoridades, tendo em vista a quietude e o sossego.
O líder cristão deve também aptidão de governar sua própria casa. Ele deve ter a capacidade de presidir sua própria casa e filhos. Ele precisa ter a capacidade de demonstrar que é o cabeça no seu próprio lar. Mantendo seus filhos sob sua liderança e com respeitabilidade (Cf I Tm 3.4) .
É de todo e de suma importância o ensinar a doutrina, não uma outra doutrina, mas a doutrina que Timóteo recebera de Cristo através de Paulo (I Tm 4.6, 16; II Tm 2.2; 3.14). Ele tem a responsabilidade, está sob sua inteira competência o transferir o Evangelho que recebeu de Paulo a outros, discipular outros, preparar outros lideres no mesmo perfil de Paulo (Cf I Co 4.16; 11.1; Fp 3.17; I Ts 1.6; I Tm 3.1-16), pois que Paulo seguiu o mesmo perfil de Jesus Cristo. A doutrina que Timóteo deveria ensinar era sem duvidas o Evangelho do Senhor Jesus Cristo ensinado pelo apostolo Paulo em todos os seus aspectos, principalmente no que diz respeito a vida, ministério, morte e ressurreição de Cristo, bem como todas as demais doutrinas[9] relacionadas a Jesus Cristo e a sua Igreja. E Timóteo está habilitado a transferir esses conhecimentos doutrinários a outrem, tendo cuidado de si mesmo e do que aprendeu, para salvar a si mesmo e a outros (I Tm 4.16). 
Hale (1983) resume assim o propósito de Paulo ter escrito à Timóteo:

Paulo havia deixado Timóteo em Éfeso (1:3), para cuidar do cresci­mento organizacional da igreja e refutar os falsos mestres. De Atos 20:17,28 fica-se sabendo que a igreja tinha já "anciãos", também chamados "supervisores" ou "bispos"; assim, a instituição da organiza­ção não seria algo novo nem a Timóteo nem à igreja. I Timóteo 3:13-15 indica que Paulo esperava retornar logo, mas, para o caso de demorar, ele escreveu esta carta não somente para dar instruções escritas acerca de como se proceder com a administração da igreja e como refutar-se os falsos ensinos. Ele também escreveu para encorajar Timóteo e desafiá-lo a tomar o controle firme em defesa da sã doutrina.
(...) Paulo escreve para fazê-lo saber qual é a situação e para pedir-lhe que vá a Roma. Temeroso de que Timóteo não chegue a Tempo, Paulo se concentra na tarefa que está deixando para Timóteo executar. Ele também aproveita a ocasião para advertir contra falsos ensinos. (...)



Verificamos então que, como supra já havíamos abordado, Paulo dá a Timóteo a incumbência das questões doutrinarias e também organização dessa Igreja Local, ele (Timóteo) tem a competência de resolver os problemas acima mencionados, e isso deve também competir a cada líder cristão dos dias hodiernos. Era da competência de Timóteo a seleção de outros lideres [esses por sua vez deveria ter a competência, aptidão para ensinar (cf I Tm 3.2; II Tm 2.2)], com perfil e qualificações do Reino de Deus.


II – PAULO E A FORMAÇÃO DE UM CARÁTER CRISTÃO

O apóstolo Paulo, tendo sido oriundo de uma família hebréia, instruído aos pés de um dos maiores teólogos de sua época, também fariseu (cf Rm 11.1; Fl 3.5; At 22.4), possuía indubitavelmente uma postura altamente disciplinada aos moldes do judaísmo, até que o Salvador o encontrou e lhe deu o Seu modus vivend, bem como lhe transformou numa nova criação (II Co 5.17; Gl 6.15), dando-lhe um novo modo de ser, concedendo-lhe o Seu Caráter. Por isso mesmo é que ele aconselha aos seus filhos na fé a que o emitem, assim como ele imitava[10] a Cristo (I Co 4.16; 11.1; I Ts 1.6).
Não era mais sob o prisma do judaísmo que Paulo estava vivendo ou viveu, mas sob o modelo de Jesus Cristo de Nazaré. Agora é seguindo o caráter de Cristo, vivendo o caráter de Jesus que Paulo está vivenciando, não só isso, mas deseja que seus ouvintes, filhos na fé, seus liderados e também aqueles que devem liderar a Igreja devem manter e viver, assim como ele o faz.

2.1 – O líder e o caráter cristão

Paulo ao se dirigir a Timóteo faz uso do que ele representa para Timóteo. Ele o chama de genuíno (legitimo, verdadeiro) filho na fé, ou seja, Paulo era um pai espiritual para Timóteo. Não há dúvidas de que Timóteo trabalhara ao lado de Paulo em Éfeso (não apenas em Éfeso), mas o relacionamento entre Paulo e o seu liderado (que também é um líder cristão) é na verdade de pai para filho e de filho para pai (no âmbito espiritual). Logo temos que o filho Timóteo deveria ter os traços do pai, deviria ter um caráter cristão influenciado pelo grande apóstolo. Assim sendo, Timóteo deve ter em seu caráter um coração puro (limpo), uma boa consciência (consciência moral, escrúpulos – boa consciência moral e bom escrúpulo – bom e sensível caráter), uma fé não fingida (não hipócrita – fiel a Deus e também aos homens)[11]. Isso nos dá uma grande lição em relação à necessidade de um líder manter um coração limpo, uma consciência moral com bom escrúpulo. Quando os homens deixam de conservar a fidelidade e a boa consciência eles naufragam na fé (no Evangelho, na Salvação).
O apóstolo continua nos informando a respeito do caráter do líder cristão quando apresenta as qualificações para quem desejar o episcopado:
1)      O bispo deve ser irrepreensível (a)nepi/lhmpton), sua reputação deve ser inatacável, deve ser alguém que não provoque mancha, ou que não tenha mancha, que não produza ignomínia, que seja alguém altamente incensurável.
2)      Marido de uma (só) única mulher (mia=j gunaiko\j a)/ndra), aquele que não anda trocando de mulher ou desejando a mulher de outrem ou aquele que não tenha mais de uma mulher. Parece-nos que aqui podemos também entender como uma inferência ao que Cristo diz a respeito do casamento (ou divórcio) em Mateus 19. 4 – 6:

 Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.


Nessa passagem de Mateus, Jesus é indagado a respeito do divórcio ou repudio, o que Cristo ao responder deixa explicitado que no princípio o Criador fez homem e mulher, e aqui a singularidade, um homem e uma mulher, e que esses deveriam se unir e que seriam dois uma só carne. Não há aqui lugar para mais de uma mulher, mas apenas uma mulher[12]. Que não haja, portanto, para o que deseja o episcopado mais de um casamento.  


3)      Esse líder deve também ser vigilante, sóbrio [nhfa/lion) (circunspecto)], olhar sempre em volta de si, ponderado, prudente, sério. Parece indicar aqui que deve ser alguém que tenha auto-controle, principalmente no uso de bebida alcoólica.
4)      Moderado [ko/smion (de mente sã, mente saudável, de bom senso)], esse líder estará julgando as cousas de forma saudável, com bom senso. Ele deve ser temperante nas suas decisões e ações. Aqui parece ser alguém que tenha um comportamento temperamental controlado.
5)      Também hospitaleiro (filo/cenon). Literalmente amigo dos estrangeiros, hospitaleiro.
6)      Não dado ao vinho (mh\ pa/roinon). Literalmente, não vinho ao lado, ou seja, que não viva sob o controlado pelo vinho.
7)      Não espancador (mh\ plh/kthn). Essa exigência segue logo após a que o bispo não deve ser controlado pelo vinho. Aquele que é controlado pelo vinho certamente é alguém descontrolado, violento, é uma pessoa colérica, irritadiça e afeita a brigas, portanto, parece ser exatamente esse não espancador. Paulo vai ensinar numa outra carta sua (Ef 4.18), que os crentes não devem embriagar-se com vinho em que há contenda, mas devem deixar serem cheios do Espírito Santo. Talvez esse espancador seja a conseqüência de quem “tenha o vinho ao seu lado”.
8)      Razoável (a)lla\ e)pieikh). Ao contrario do que foi mencionado acima, ele deve ser razoável, domado, suavizado, dócil, manso, gentil, brando, leve, amável, tolerante.
9)      Não contencioso (a)/maxon). Esse líder também deve ser pacifico, que procura a paz, o acordo, não briguente.                        
10)  Não cobiçoso de torpe ganância (a)fila/rguron). Literalmente não amigo da prata. Que não seja um individuo ligado ao desejo desenfreado pelo dinheiro. Paulo vai informar que (I Tm 6.9,10): 

Os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.


Assim temos que ao líder, ao obreiro, ao bispo, ao pastor, não deve ser amante do dinheiro, o propósito da liderança deve ser outro (Cf Ef 4.11-16)
11)  Que tenha um bom testemunho dos que estão de fora (marturi/an kalh\n e)/xein a)po\ tw=n e)/cwqen). É preciso que esse líder seja exemplo tanto na Igreja (local), quanto fora da comunidade dos cristãos, para que o acusador não tenho do que o acusar e o envergonhar.
12)  ...de uma só palavra (mh\ dilo/gouj)  Literalmente não de duas palavras. O líder cristão não pode ter no seu discurso, na sua conversa duas palavras. Deve ser sim ou não. O homem de duas palavras fica absolutamente desacreditado, logo é desqualificado para ser um líder cristão.

O líder proposto por Paulo, portanto, deve ser exemplo dos fieis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza (I Tm 4.12), deve fugir da soberba de questões e contendas de palavras (que produzem invejas, porfias, blasfemas, ruins suspeitas (I Tm 6.4,5), mas deve seguir a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão (I Tm 6.11), jamais deve se envergonhar do testemunho do Senhor Jesus (II Tm 1.8), deve sofrer as aflições como bom soldado de Jesus sem se embaraçar, sem se envolver com os negócios (certamente as coisas que prendem o homem ao terrenal (paixões, amor ao dinheiro etc). Evitando falatórios profanos que apenas servem para produzir mais impiedade e roera como gangrega os que a isso se envolver. O homem de Deus deve está sempre atento, vivendo a Palavra, para que seja completamente capacitado para a boa obra (II Tm 3.16,17), deve ser sóbrio, equilibrado em tudo, auto-controlado (II Tm 4.5). Ao líder cristão se requer um padrão de caráter semelhante ao de Seu Mestre Maior, Jesus. 

III – PAULO E O CORAÇÃO DE UM LIDER CRISTÃO

O verdadeiro líder cristão tem o seu coração voltado para Deus, para a obra de Deus, para as necessidades de outrem em amor, em compaixão, em piedade, em compreensão, em longanimidade (Cf Jo 13.1,4; 15.12, 17; Mt 19.29; Mc 8.35; Lc 10.9; 18.29; Rm 1.5; 8.36; 12.10;13.8,10; I Co 4.10; II Co 4.5, 11, 15; 5.14; 12.10; Gl 5.13; I Tm 1.5; 2.15; 4.12; 6.11; II Tm 1.7, 13; 2.10, 22; 3.10), e é isso mesmo que Paulo vai instigar a Timóteo e aos que desejem ser lideres na Igreja.     

3.1 – O líder e a compaixão

Já nos primeiros textos da primeira carta observamos a admoestação de Paulo ao líder Timóteo a que atente para a finalidade, para o objetivo desta exortação, desta ordenança: ...o amor de proceder de coração limpo... (1.5).  Paulo tem como alvo que o seu discípulo proceda com amor de um coração limpo, que tenha como alvo o projeto de Deus, a edificação de Deus, não a sua própria edificação , porque alguns apenas querem e produzem discussões porque desejam ao seu bel prazer ser mestres da lei. O importante não é ser mestre da lei, mas agir com um coração limpo, com intuitos de edificação.
Ele continua e explicita o mistério da compaixão (piedade): Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido na gloria. Deus amou de tal maneira o mundo que desceu através de Jesus e manifestou-se em carne, Deus condescendeu em relação a humanidade. Cristo sendo Deus tal qual o Pai não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvasiou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte...(Fl 2.6-8)[13], e ensina aos Filipenses que a atitude dos cristãos deve ser essa mesma de Cristo Jesus. Da mesma maneira o líder cristão deve proceder, como Deus que condescendeu, como Deus que num ato de piedade, de compaixão, de sentir a miséria do ser humano, manifestou-se em carne, sofreu até a morte de cruz, assim também o líder cristão deve estar apto. Se Timóteo atentar e ensinar essas coisas a Igreja, aos lideres, ele então será bom ministro (bom serventurio).
Na verdade, o líder cristão deve ser o servo-mor da Igreja. Paulo ensinando aos Coríntios ensina que é a partir das nossas ações ...os homens nos considerem como ministros  (u(phre/taj)  de Cristo...(I Co 4.1), ministros no sentido de menor dos servos, daquele que fica em baixo do navio[14], remando, fazendo o navio deslocar-se de um lado para o outro. A ação do líder, deve ser uma ação cheia de misericórdia, de compaixão, sentindo a dor de outrem. O líder não deve verificar apenas suas próprias necessidades, mas as necessidades dos liderados (Cf I Tm 5.1-24). Ajudando aos anciãos, aos jovens, as viúvas nas suas necessidades, e também retribuindo condignamente àqueles que se esmeram na obra de Deus, não fazendo nada por parcialidade, mas em tudo agindo imparcialmente.
O apóstolo Paulo deixa aclarado para Timóteo que ele deve manter uma vida que siga a justiça, a piedade (através de atitudes que o façam sentir a dor de outrem), a fé (fidelidade com Deus, com as normas de Deus, com o Evangelho de Jesus) e também o amor (que é o cumprimento da lei, que é o maior dos mandamentos – amar a Deus e ao próximo como a si mesmo), a paciência, e mansidão (I Tm 6.11; II Tm 2.22). O líder deve ser o escravo (douloj), o servo, que não contende, mas que é manso, afável para com todos, sofredor, capaz de suportar o mal sem ressentimento, tolerante. Deve sofrer os males, o mal, mas cumprir com o serviço proposto em prol de Deus e da Igreja (II Tm 4.5).    
                                                































CONCLUSÃO



O apóstolo Paulo tem expectativas no ensino da liderança. Ele mesmo deu-se como paradigma de líder cristão (Cf I Co 4.16; 11.1; Fp 3.17; I Ts 1.6; I Tm 3.1-16; Ef 5.1),  pois ele segui o perfil de Jesus Cristo.
O líder cristão deve manter um padrão de vida muito elevado, não no modus vivend do mundo, mas no padrão do Reino de Deus. Assim sendo, sua preocupação é que o líder não ensine os seus pontos de vista, isso só trará problemas e acarretará o distanciamento da verdadeira fé, um outro ensinamento que não conduz a vida eterna, mas que o líder se esmere no conhecimento de Deus para glória de Deus.
É de suma importância aos lideres cristãos o despertamento para a verdadeira liderança cristã, pois que, nestes últimos dias, temos mais pessoas que se acham donos, chefes, não atentam para o cuidado na liderança (Rm 12.8, 16; I Pe 5.2,3), muitos querendo ser servidos, e jamais servirem.
Portanto, temos na admoestação paulina que o líder deve ser alguém competente, apto para gerir as necessidades administrativas da Igreja (local), mas não apenas isso, mas apto para a condução de outros para a verdade através do ensinamento da verdade, esse líder precisa ser, ter, manter sua vida de forma irrepreensível para os que estão dentro e também para os que estão fora da Igreja, para que o adversário não queira envergonha-lo, também deve ser alguém humilde, compassivo e que haja misericordiosamente, com compaixão, sentindo as dores, as necessidades dos demais.





REFERÊNCIAS



KELLY, J.N.D. (1999). I e II Timóteo e Tito, Introdução e Comentário. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova.

GUTHRIE, Donald, (2007). Gálatas, Introdução e Comentário. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova.

Bíblia de Estudo Scofield. (2009) Texto Bíblico Almeida Corrigida Fiel. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

LUZ, Waldyr Carvalho. (2003). Novo Testamento Interlinear. São Paulo: Cultura Cristã.

THE NEW TESTAMENT. 1994 The Greek underlying the English authorized version of 1611. England:  Trinitarian Bible Society.

GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. 2000. Léxico do Novo Testamento – Grego Português. São Paulo: Vida Nova.

HALE, Broadus David. (1983) Introdução ao estudo do Novo Testamento. Trad. Cláudio Vital de Souza. Rio de Janeiro: JUERP.


Ffab Bible Windows. (1993-1996) Silver Moutain Software.  


FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. (1999) Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI, versão 3.0: Nova Fronteira e Lexikon Informática Ltda.

Dicionário Michaelis

Bíblia Sagrada. ARA

Bíblia Sagrada. ARC

Bíblia Sagrada. NVI







Imagem do Google

[1] Trabalho apresentado como requisito obrigatório para conclusão do Modulo de Epistolas Pastorais do Curso de Mestrado em Teologia Bíblica do Novo Testamento. Sob a orientação do Profº Drº. Pr. Carlos Osvaldo em 2011.

[2] At 24.5; Cl 1.5,6
[3] II Tm 1.8, 12, 16;  2.9; 4.16.
[4]  pareka/lesa/ – (Literalmente parece ser chamei ao lado) – é uma exortação, uma insistência.
[5]  paraggei/lvj – (Literalmente parece ser anunciasses ao lado) – ele deveria advertir a outros a não ensinar outra doutrina.
[6] No texto aos gálatas nos parece que Paulo apresenta um outro Evangelho como sendo um Evangelho paralelo ao seu (talvez com pontos parecidos), mas que mesmo assim era anátema. Mas no texto de I Tm 1.3 ele deixa explicitado na carta, que se trata de outra doutrina, outro ensino (e(terodidaskalein).
[7] Cf I Tm 1.3; 6.3.
[8] Paulo enquanto esteve em Éfeso cuidou responsivamente de ensinar a verdadeira doutrina, bem como a combater as falsas, isso fez de forma oral, agora estava fazendo de forma escrita e precisava do empenho de Timóteo, da sua inteira responsabilidade e competência.
[9]Graça, misericórdia, paz, o amor de um coração puro, uma boa consciência, uma fé não fingida, Senhorio de Jesus, Sua Divindade, Sua Majestade, Sua Eternidade, Sua Obra de Redenção, Sua Humanidade, Sua Humilhação, Sua Exaltação, padrão de vida santificado, advento de Jesus Cristo (retorno), Trindade, etc. são estas e outras as doutrinas de Paulo na carta a Timóteo, o que sem duvidas Paulo já havia discorrido por vezes quando estava em Éfeso através da preleção, do ensinamento e agora está também fazendo a partir dessa Carta, sabendo que quando esteve em Éfeso falou muito mais do que aqui está Escrito.
[10] mimhtai/ - A palavra nos leva a entender que é alguém que busca imitar o modelo de outro, ou seja, seguir ao modelo de vida exemplar de outro. Uma imitação que um fica igual ao outro.
[11] I Tm 1.5
[12] É claro que esse texto fala mais precisamente a respeito do repudio, mas o trouxe precisamente para abordar a singularidade do casamento. Um homem + uma mulher = uma só carne.
[13] NVI
[14] Navio dos tempos antigos, é claro.

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