terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

ANÁLISE EXEGÉTICA DO CAPÍTULO 4 – APOCALIPSE

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ANÁLISE EXEGÉTICA DO CAPÍTULO 4 – APOCALIPSE[1]

1 – INTRODUÇÃO



O trabalho que nos dispomos a perquirir em analise é o capítulo quatro do Livro do Apocalipse e o nosso objetivo é podermos entender melhor esse capítulo bem como o contexto geral do Livro.
Procuraremos obter as informações a partir do texto lido (Apocalipse), bem como de comentários de autores que já escreveram a respeito do livro da Revelação e também tentando não olvidar da exposição do ministrante da disciplina Teologia Apocalíptica.
Deixando aclarado que, nossa proposição é investigar o que a Inspiração dessa Escritura trouxe para os dias do apóstolo, bem como o que nos trás para a nossa realidade. O que o Revelador dos mistérios quis dizer a respeito do capítulo quatro, quais são as implicações para os nossos dias.
Iniciaremos a partir da autoria do Livro e prosseguiremos com a datação da Revelação, bem como seguiremos pelos destinatários, propósito, tema e então faremos uma análise do capitulo quatro do Livro do Apocalipse.


2 – AUTORIA E DATA


A autoria do Livro do Apocalipse é de todo conhecida que fora de João. Mesmo no Livro temos a evidencia interna de que a Revelação de Jesus Cristo fora enviada pelo seu anjo e notificada a João seu servo. Temos no próprio Livro quatro citações diretas explicitadas pelo nome de que fora João[2]. É claro que temos algumas pessoas que também chamavam-se João, e como bem nos apresenta Kistemaker (2004, p. 34) entre eles temos João o batizador, João pai do apóstolo Pedro, João Marcos e João que pertencia a família do sumo sacerdote. Como também não podemos jamais esquecer o apóstolo João, filho de Zebedeu e Salomé[3], este apóstolo que era aquele mais aproximado de Jesus, aquele a quem Jesus amava[4]. E é exatamente sobre esse último que todas as evidencias vão se deter[5].
Conforme pesquisado e já conhecido por todos[6], o apóstolo João fora exilado na Ilha de Patmos por Domiciano, Imperador Romano, esse Imperador governou o Império Romano entre os anos 81 – 96 d.C, e fora ele quem deu ordem para enviar a João para a Ilha. E assim nos faz saber Kistemaker (2004, pp. 126, 127):

                               
Essa ilha está localizada umas quarenta milhas a sudoeste de Mileto (At 2015), a qual servia de porto para Éfeso. Ela mede dez milhas de norte a sul e seis de leste a oeste, e consiste de montes que sobem oitocentos pés acima do nível do mar.
Patmos é uma ilha rochosa e vulcânica, para a qual o governo romano, no primeiro e segundo século, bania os exilados. Durante o fim do reinado do imperador Domiciano (81-91), João foi enviado a esta ilha (...) foi banido na qualidade de líder das igrejas na parte ocidental da Ásia Menor. Os romanos perseguiam os cristãos que não reconheciam César como Senhor, mas, sim, Jesus Cristo; os oficiais romanos consideravam João como fomentador da religião cristã. A tradição diz que, depois da morte de Domiciano, seu sucessor, Nerva, liberou João e lhe permitiu regressar a Éfeso.



Assim, temos que João, o apóstolo, também chamado de: o ancião, o teólogo, o evangelista, o discípulo amado, fora o autor[7] do apocalipse, por volta dos últimos anos do Imperador Domiciano, talvez 95 d.C, e que ele estava na Ilha de Patmos.
É claro que estamos falando da autoria humana do Livro, pois que, sabemos claramente que a autoria do Livro de Apocalipse é do próprio Cristo, João apenas escreve o que ouve e vê.


3 – DESTINATÁRIO E PROPÓSITO


O autor do Livro de Apocalipse tem seus destinatários, ele se dirige as sete igrejas da Ásia (Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia) , no entanto, eis que surge uma problemática: Seria apenas as sete igrejas da Ásia que Jesus está se direcionando? É literalmente apenas as sete igrejas da Ásia?
Descordando de forma peremptória com a tese de que a Revelação se restringe apenas as sete igrejas da Ásia, e concorde com a tese de que a Revelação ultrapassa a geografia das sete igrejas e vai além da própria Ásia Menor e todo o Oriente, o Apocalipse é para a Igreja no âmbito generalizado. Como bem nos apresenta Kistemaker (2004, p. 80):


  (...) Só podemos presumir que as igrejas às quais João enviou as cartas são representantes da Igreja Universal de Jesus Cristo (...) O número sete simboliza completude e sugere que Jesus apela para todos os crentes cristãos em todos os lugares e em todas as épocas. A mensagem do apocalipse é para “todos os que ouvem as palavras da profecia deste livro” (22.18). Igualmente, todos quantos lêem e estudam esse livro são chamados bem-aventurados (1.3). E, finalmente, a ordem reiterada, “aquele que tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”, é endereçada a todos (...).


Entendemos perfeitamente que, se o Apocalipse fora revelado apenas para o contexto situacional da contemporaneidade da época, e que se tudo se cumprira, não teria porque estudarmos o Apocalipse. Porém, sabendo que esse Livro é de Literatura Apocalíptica e que contém elementos escatológicos, entendemos por fim que é um Livro para ser estudado, analisado por todo o tempo em que estivermos ainda aqui na terra.
É possível que, durante o período em que se passou entre a ascensão de Cristo, as primeiras décadas da Igreja e os momentos finais do Império de Domiciano, a Igreja estivesse sofrendo as aflições e perseguições, bem como um tipo de “fria esperança”, onde passados mais ou menos sessenta anos da ascensão, o Salvador ainda não havia retornado. Parece-nos então que, o propósito da Revelação era fazer os crentes entenderem que o Salvador estava vivo, que estava a par de toda a história e que tinha o controle do principio e fim nas Suas Mãos. E que Ele viria cumprir a Sua Promessa de estabelecer o Seu Reino e de por fim, julgar a Satanás e os seres angelicais caídos, bem como todo aquele que se apartar de Deus.


 O propósito do Apocalipse visa reanimar e confortar os crentes em sua luta contra Satanás e seus correligionários. O livro divulga que, nesse conflito entre Cristo e Satanás, Cristo é o vencedor, e Satanás é o vencido. Ainda quando Satanás e seu exercito deflagrem guerra contra os santos na terra, os quais enfrentam sofrimento, opressão, perseguição e morte, Cristo é vitorioso (...) Portanto, esse livro de consolação dirige a atenção de cada crente para o julgamento do mundo e para a vitória final da Igreja. Ainda que Satanás se oponha à marcha do evangelho e ao crescimento da Igreja no mundo inteiro, seu poder é limitado e eventualmente se deparará com o fim, quando ele e seus agentes forem lançados no lago de fogo (...)[8].



Portanto, entendemos que o Apocalipse não se restringiu apenas aquela época, em que João estava vivendo, mas que se entendeu e se estende até a consumação da história.


4 – COMENTÁRIO (CAPÍTULO 4 – APOCALIPSE)


Depois destas coisas, olhei, e eis que estava uma porta aberta no céu; e a primeira voz que, como de trombeta, ouvira falar comigo, disse: Sobe aqui, e mostrar-te-ei as coisas que depois destas devem acontecer.
 E logo fui arrebatado no Espírito, e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono.
E o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica; e o arco celeste estava ao redor do trono, e parecia semelhante à esmeralda.
E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro.
E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus.
E havia diante do trono como que um mar de vidro, semelhante ao cristal.e no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás.
E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia voando.
E os quatro animais tinham, cada um de per si, seis asas, e ao redor, e por dentro, estavam cheios de olhos; e não descansam nem de dia nem de noite, dizendo: Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.
E, quando os animais davam gloria, e honra, e ações de graças ao que estava assentado sobre o trono, ao que vive para todo o sempre,
Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo:
Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas[9].



Depois destas coisas (v.1)... Meta\ (Preposição, podendo ser traduzido por, em companhia com, em companhia de, junto com, como está acompanhado de um caso acusativo pode ser traduzido por  depois de ou após = depois de)tau=ta (Pronome demonstrativo, usado como adjetivo e substantivo, neste caso, usado como adjetivo = estas)   eiådon (Verbo, Indicativo Aoristo, na voz ativa, literalmente ver, perceber, olhar= ví)...
Afinal, depois de quê? Depois de estas o quê?
João acabara de ter as visões de Apocalipse em referencia a Pessoa que está lhe dirigindo a Revelação. Ele tem a primeira visão que compreende do capítulo primeiro até ao capítulo terceiro. Aqui no capítulo quatro ele começa a ter outras visões. É preciso que se diga que no original não encontramos a palavra coisas como se encontra nas nossas traduções, o texto Sagrado apenas nos traz Depois de estas ou Depois destas (...), e claro que entendemos que ele está referindo-se com estas ou destas as primeiras visões que ele tivera. Na primeira visão ou na primeira parte das visões, em que ele foi arrebatado (1.10). É-nos compreensível que ele está tratando com Depois destas ou de estas, em referencia ao primeiro arrebatamento, ainda que em 1.10 não encontramos a palavra arrebatamento, assim como não encontramos aqui (em 4.2), tanto na primeira parte das revelações, como nessa segunda parte, João nos deixa aclarado que ele estava no Espírito (e)n pneu/mati = em espírito, mas também pode ser traduzido por no espírito bem como pode ser traduzido por pelo espírito, preferimos a tradução pelo Espírito porque nos deixa aclarado que era a ação do Espírito Santo em arrebatar a João, vejamos que a preposição e)n está no dativo, a ação não é de João, ele está sofrendo a ação, no entanto entendemos que esse arrebatamento era uma arrebatamento do espírito de João, assim como Deus arrebatava a Ezequiel no AT [Ez 3.14; 8.1-4; 11.1, 24; 37.1; 43.5; etc], no entanto, é bom lembrarmos que o apóstolo Paulo fora também arrebatado e ele não soubera explicar se no corpo ou fora do corpo [cf. II Co 12.1-4]). Assim temos também que João ouve e vê. Ele ouve uma grande voz detrás dele, como de trombeta (1.10) que se revelara dizendo:


(...) Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pergamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadelfia, e a Laodiceia. E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e de sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno. Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer; O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas.


João fora arrebatado pelo Espírito e teve essa majestosa visão em que nos descreve com cuidadosos detalhes o que viu. É claro que a linguagem humana não é suficiente para dizer com exatidão o que ele viu, mas ele tenta descrever com todo o cuidado e polidez, com tudo o que ele tem de cosmovisão para tentar aproximar, em semelhança, não com exatidão, mas com semelhança o que ele viu. E ele viu o Senhor Ressurreto glorificado, como Aquele que é desde sempre, Aquele que tem o domínio do tempo, Ele é o começo e também é o fim. Ele é o que tem Todo-Poder, Ele é resplandecente, é o que vive e foi morto, mas eis que vive para todo o sempre, ou seja, Ele é o Eterno. Tem as chaves da morte e do inferno. E quer que João escreva as coisas que são e as que vão acontecer depois destas. Começa então a revelar a João as situações dos líderes e das sete igrejas, e é, exatamente depois destas visões e deste arrebatamento que ele entra numa outra dimensão de visões.
Não sabemos quanto tempo durou entre um arrebatamento e o outro, no entanto, certo é que, depois da seqüência das primeiras visões, em complemento com aqueles, mas saindo de uma geografia terrena para uma dimensão celestial, ele diz que viu e eis que estava aberta uma porta no céu... não era mais na dimensão territorial terrenal, mas era diretamente uma porta aberta no céu...(kai idou\ qu/ra h)ne%gme/nh e)n t% ou)ran% = E eis uma porta que foi aberta para dentro no céu = uma porta que foi aberta para entrar dentro, no céu – esse é o sentido da frase), João está agora saindo da terra para entrar diretamente no céu (no terceiro, onde Paulo certamente entrou, na presença do Eterno, do Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo).
Ele, João é instigado por Aquela mesma voz que falara com ele no primeiro arrebatamento. O apóstolo jamais esquecerá Aquela voz, pois que a voz é muito forte, é como de trombeta. A primeira voz fala com João dizendo que é o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Derradeiro. É o que vive e foi morto, mas eis que está vivo para todo o sempre. Não é difícil de entendermos de quem é a voz. Quem foi morto? É claro que é a voz de Jesus. E dessa segunda vez, o Espírito arrebata João[10] e ele ouve a voz inconfundível de Jesus, e essa voz é na verdade uma voz de comando, é uma ordem (Ana/ba = verbo aoristo, voz ativa, modo imperativo – é uma ordem dada ao apóstolo – Sobe aqui. (Ana/+bainw = a¨¨na/ = para cima; bainw=movimento – vem para cima também pode ser uma tradução) João deve obedecer a ordem e sair da terra em direção ao céu. Dar um pulo na direção do céu. Já que ele está no Espírito, pelo Espírito, é só ir, pular, subir para o céu.
Há sem duvidas, como nos apresenta Kistemaker (2004, p. 240) contrastes entre a primeira visão e a segunda visão. Há um contraste entre os membros dessas igrejas que são pessoas que estão ainda sujeitos ao pecado, ainda debaixo de possíveis deficiências espirituais com a indizível e magnânima glória e santidade do Deus inescrutável[11], é o contraste entre os seres terrenais falhos, com o Ser Eterno Perfeito.
Temos também que “... na primeira visão (1.9–3.22), Jesus se revela e endereça às sete igrejas na terra. A segunda visão (4.1–8.1) é dedicada a uma descrição do trono de Deus. Esse trono no céu é o centro do universo e esse é o lugar onde o Cordeiro abre os selos[12]”. Também não podemos deixar de mencionar que “... a mensagem às sete igrejas é direta e relativamente simples, mas a descrição do trono no céu é esboçada em linguagem simbólica, e assim é a abertura dos sete selos (...)[13]”.
A Revelação continua e João nos informa que a Voz Poderosa, Triunfante, é como voz de trombeta. É claro que, a partir das Escrituras Sagradas, entendemos que a Trombeta ao ser tocada, algo extraordinário estava para acontecer. A primeira vez que aparece o som da Trombeta tocando está em Êxodo quando Deus fala com Moisés no Monte Sinai para o povo ouvir. Deus ordena a Moisés a que o povo se santifique, porque Ele vai falar com Moisés diante do povo.


Ao amanhecer do terceiro dia houve trovões e raios, uma densa nuvem cobriu o monte, e uma trombeta[14] ressoou fortemente. Todos no acampamento tremeram de medo. Moisés levou o povo para fora do acampamento, para encontrar-se com Deus, e eles ficaram ao pé do monte. O monte Sinai estava coberto de fumaça, pois o SENHOR tinha descido sobre ele em chamas de fogo. Dele subia fumaça como que de uma fornalha; todo o monte tremia violentamente, e o som da trombeta era cada vez mais forte. Então Moisés falou, e a voz de Deus lhe respondeu[15].


Temos então que, a primeira vez que aparece o som da trombeta, ela vem com a manifestação de Deus em revelar-se ao povo e Ele revelou o Decálogo.
Verificamos também em Josué[16], quando Deus dá o comando a que se toque a trombeta e que gritem com grande grita para que os muros de Jericó caíssem. Também está presente o som da trombeta, ainda que aqui temos os sacerdotes tocando, e em Moisés é um som misterioso que acompanha o grande Deus criador que está se revelando ao seu povo Israel.
Logo temos que o som da trombeta é verificado em vários outros textos bíblicos sempre com o intuito de apresentar algo. Para a questão das festividades, também para convocação do povo do arraial, para saída em direção a Canaã, para sair contra os inimigos, enfim, sempre a trombeta aparece como algo para acontecer. Assim sendo, temos que, para um judeu o som da trombeta representa muito: Revelação (com presença “física” de Deus), para derrubar obstáculos, para irem em direção a Canaã, para sair contra os inimigos, etc. João entendia que o som como que de trombeta apresentava muito para ele, além de automaticamente despertá-lo para uma revelação, a semelhança do que já havia acontecido com Moisés, ainda que nesta Revelação do apóstolo temos que, o som como de trombeta não era outra coisa senão a mesma voz que lhe falara no primeiro arrebatamento pelo Espírito, era a Voz do Próprio Senhor Jesus Cristo. Era uma dimensão profunda de Revelação assim como Deus revelou-se a Moisés, com algo em preponderância no Apocalipse, é que essa Voz e a Voz de Jesus Ressurreto. E essa Voz de Comando dera-lhe uma ordem, e ele fora pelo Espírito para dentro da porta, para o céu, como já mencionamos supra.
João entra então no céu “... e eis que um trono estava posto no céu, e um assentado sobre o trono”. João começa então a descrição do que ele está vendo. Ele vê um trono posto no céu, é todo relevante trazermos a reminiscência que outros servos[17] de Deus também já tiveram visão semelhante. O profeta Isaías também foi agraciado por Deus com a visão do trono:


“(...) eu vi o Senhor assentado num trono alto e exaltado; e a aba de sua veste enchia o templo. Acima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam o pés e com duas voavam. E proclamavam uns para os outros: “Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória”. Ao som das suas vozes os batentes das portas tremeram, e o templo ficou cheio de fumaça.


A descrição de Isaías é semelhante ao que João descreve. O SENHOR está assentado num trono. É preciso que entendamos que é uma linguagem simbólica, o trono está nos dando uma idéia de governo, de soberano, de rei, de comando. E vejamos que, como João “saiu” da terra para o céu, esse governo, esse soberano, esse comando é o céu, sobre a terra, é sobre tudo e todos. O governo não é um governo humano, mas Um[18] e só tem o governo de tudo. Todas as coisas estão abaixo desse governo. O propósito dessa visão é apresentar a Deus, o Deus Santo, o Deus Todo-Poderoso (pantokra/twr), que está desde sempre e será sempre, como Aquele que governa o universo. Em todos os textos em que verificarmos os autores bíblicos mencionando sobre o trono de Deus é sempre como aquele que reina, que governa, que domina, que julga, que é soberano, está acima de tudo e de todos e que é para sempre[19].
É bom entendermos também uma inferência a Trindade: A voz falando é a voz de Jesus. O Espírito Santo está agindo no arrebatamento de João e o Deus Pai está assentado no trono. É claro que a Trindade está em ação na Revelação.
João não faz uma descrição exata do que vê assentado no trono. Ele diz que “...o que estava assentado era, na aparência, semelhante à pedra jaspe e sardônica...”. Na verdade o apóstolo não consegue outras palavras para descrever. Na sua visão de mundo o que ele consegue aproximar para que outros possam pelo menos tentar imaginar é o que ele usa como as cores de pedras preciosas. O jaspe é uma pedra preciosa de várias cores, como vermelho, amarelo, verde, marrom e a sardônica é “o vermelho encarnado, vermelho laranja ou o castanho avermelhado[20]”, essas pedras era brilhantes, assim temos que o que João viu fora brilhos esverdeado, avermelhado e provavelmente outros brilhos semelhantes ao brilho e cor dessas pedras, mas se detém apenas a essa descrição. Essa descrição também nos revela o quanto é glorioso o nosso Deus, de maneira que sua glória é indizível e também indescritível, impenetrável.
O discípulo amado também vê o arco celeste ao redor do trono. Conforme a aparição do arco pela primeira[21] vez é de todo sabido que fora um sinal de Deus de que não mais destruiria a terra com um dilúvio, e esse sinal era o sinal de um pacto entre Deus e a humanidade. E sempre que as pessoas vissem o sinal saberiam que Deus não mais destruiria a terra por intermédio de um dilúvio, assim, temos aqui talvez uma alusão de que Aquele que está assentado como soberano, é também Aquele que lembra do pacto, é firme no pacto, é fiel no cumprimento de Seus pactos.
Em seqüência ele prossegue afirmando que: “E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro”. É possível que tenhamos um cenário de seis tronos divididos aos lados (ao redor) o que nos daria vinte e quatro, e que Silva (s/d, p. 45) nos dá as seguintes informações possíveis:

Os vinte e quatro anciãos” do capítulo em foco, não podem ser anjos: eles entoam o cântico da redenção, como tendo sido redimidos (Ap 5.8-9). É evidente que, em sentido geral, os anjos não são vistos coroados, e nem assentados em tronos. Jesus falou aos seus discípulos que eles n futuro se assentariam sobre “doze tronos” (Mt 19.28). Esses “personagens” misteriosos encontram-se estado de salvação definitiva (vestidos de branco), já possuem o prêmio de sua salvação (coroas de ouro) e participam com autoridade no desenvolvimento da salvação (assentados em tronos). Quem são eles? Há somente um sentido possível: Os doze primeiros anciãos deste turno de vinte e quatro, são “os doze patriarcas” filhos de Israel, que estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação da lei” focalizada no Antigo Testamento (cf. Nm 13.2-3; 17.1-6; Hb 8.5 e 9.23). Os outros doze, são “os doze Apóstolos do Cordeiro”, pois em alguns casos eles são chamados de “anciãos” (cf. Fm v.9; 1Pd 5.1; 2Jo v.1 e 9 Jo v.1). Estão ao lado de Cristo, representando todos os remidos da “dispensação da graça” focalizada no Novo Testamento (cf. Mt 19.29; Ap 21.12, 14). Está aqui já o início do cumprimento da promessa do Senhor em (Mt 19.28). Tronos, no primeiro caso, e coroas no segundo (cf. 2Tm 4.8). Provavelmente serão eles os mesmos personagens que se assentarão ao lado de Cristo durante o Milênio (cf. Ap 20.4). (sic).


Não tenho a mesma exatidão na conclusão deste autor, no entanto, acordamos que sejam pessoas, seres humanos que estarão glorificando ao SENHOR já em estado de glorificação. Scofield (2009, p. 1166) vai nos trazer que:


Estes anciãos representam a Igreja. A palavra “ancião” tem importancia eclesiástica (1 Tm 5.17; Tt 1.5). No NT, as coroas são apresentadas exlusivamente como recompensa para os fiéis na Igreja. Os anciãos sentam-se em tronos que estão associados com o trono do juízo de Deus (vv. 2-4; com. 1 Co 6.2,3; 2 Tm 2.12).


E, podemos concluir com as palavras de Kistemaker (2004, p. 248) que está de acordo com a supra-citação: “...os anciãos são de grande importância e de uma hierarquia mais elevada que os anjos. Os vinte e quatro anciãos representam os santos redimidos e, com os anjos e todos os seres viventes, esses anciãos rendem louvores, honra e gloria ao Cordeiro ( 5.12)”.
João volta a mencionar o trono e vai nos trazes que “...saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus”. É claro que os relâmpagos, os trovões nos indica a presença inefável, inexplicável, insondável de Deus. Vejamos que na referencia acima mencionada da revelação de Deus a Moisés no monte Sinai, também houve relâmpagos, trovões. A indicação aqui é que Deus está presente. No Sinai temos ainda um espaço terrenal, mas aqui estamos num espaço celestial. Exatamente diante do trono de Deus. O apóstolo informa ainda que existem sete lâmpadas que ardiam que são os sete espíritos de Deus, e aqui precisamos entender que o simbolismo está indicando a plenitude, a completude do Espírito Santo, como bem nos atesta Kistemaker (2004, p.249).  
Ele vê ainda “...um mar de vidro, semelhante ao cristal e no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por detrás”. Esses seres viventes são semelhantes aos descritos por Ezequiel e Isaías, mais precisamente Isaías, por lá encontramos os seres angelicais sobrevoando e glorificando, louvando a Deus. O louvor é praticamente mesmo, e difere apenas um pouco, pois em Isaías temos: “Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos exércitos; toda a terra está cheia da sua glória[22]”. No apocalipse temos: “Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, e que é, e que há de vir[23]”. Parece-me que a intenção é deixar claro que o Deus Todo-Poderoso é o mesmo de toda a eternidade e que virá julgar.
É de todo também observável que, os anciãos e os animais ou seres angelicais se juntam para glorificarem a Deus num cântico em comum. É bom verificarmos também que enquanto os seres angelicais (os animais) louvavam a Deus pela Sua Santidade, pela Sua Onipotência, e pela Sua Eternidade, os anciãos louvam a Deus pela Sua criação, deixando claro que só o Senhor pode ser Digno de receber gloria, honra e poder. Aqui temos na verdade um cântico de ação de graças.








5 – CONCLUSÃO

O apóstolo João, o teólogo, o ancião, o evangelista, o discípulo amado, já na sua velhice e sofrendo ameaças de morte, segundo a tradição, fora lançado num caldeirão de óleo fervente e[24], não havendo morrido fora então lançado na Ilha de Patmos por ter sido achado pelo imperador Domiciano uma ameaça ao seu governo. Fora lançado como um marginal, mas lá, esse velhinho teve o privilegio dado por Deus de ser arrebatado pelo Espírito Santo e ter ouvido e visto a Revelação de Deus.
O capítulo quatro (e o capítulo cinco) do Livro do Apocalipse ou Revelação nos é apresentado como sendo centro de todo o Livro, o elo de ligação entre a primeira parte do Livro e a segunda parte. Em especial nesse capítulo verificamos a Revelação da Soberania de Deus – Deus está assentado no Trono – como Aquele que é Rei, é o Governo do universo. É o ser indescritível, indizível, insondável, impenetrável. E que é Santo, é o Todo-Poderoso, é o Eterno e Ele é digno “...de receber glória, e honra, e poder...”  porque criou todas as coisas, e por sua vontade são e foram criadas.
Portanto, temos que, nesse capítulo quatro somos confortados e consolados em saber que Deus está no Trono, e que tudo depende dEle, porque tudo está sob o Seu controle, Seu domínio, Sua Soberania.   


                          








 

 


REFERÊNCIAS


HENDRIKSEN, Willian (2004). Comentário do Novo Testamento: João. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
KISTEMAKER, Simon (2004). Comentário do Novo Testamento: Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
SILVA, Severino Pedro da. (s/d). Apocalipse versículo por versículo. Digitalizado por Paulo André. Rio de Janeiro: CPAD.
REGA, Lourenço Stelio. (1995). Noções do Grego Bíblico. 4 ed. São Paulo: Vida Nova.

SCHALKWIJK, Francisco Leonardo. (1998). Coinê Pequena Gramática do Grego neotestamentário. 8 ed. Minas Gerais: CEIBEL.

THE NEW TESTAMENT. (1994) The Greek underlying the English authorized version of 1611. England:  Trinitarian Bible Society.

GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. (2000). Léxico do Novo Testamento – Grego Português. São Paulo: Vida Nova.

LUZ, Waldyr Carvalho (2003) Novo Testamento Interlinear. São Paulo: Editora Cultura Cristã.
SPROUL, R.C.(2002) Os Últimos Dias Segundo Jesus. São Paulo: Editora Cultura Cristã.

http://www2.uol.com.br/biblia/revista/edicao6/shophar1.htm

Bíblia de Estudo Scofield (2009). Almeida Corrigida Fiel. São Paulo: Holy Bible.

Bíblia de Estudo (2000). Nova Versão Internacional. 6. Ed. Rio de Janeiro: Central Gospel







[1] Trabalho apresentado ao professor Pr. Drº Tomé Fernandes da disciplina Teologia Apocalíptica, do Curso de Mestrado em Teologia Bíblica do Novo Testamento, do Programa de Pós-Graduação em Teologia Bíblica do Seminário da JUVEP como pré-requisito obrigatório a obtenção de nota.
[2] Ap 1.1, 4, 9; 22.8
[3] Hendriksen (2004, p. 46)
[4] Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7,20
[5] É claro que sabemos a respeito da alta critica que encontra problemas em relação à autoria de João, o apóstolo, para o Evangelho, as Cartas e também para o Apocalipse, no entanto, somos aderentes, a partir dos Livros Citados (João, Cartas e Apocalipse), bem como das bibliografias que partilhamos e do testemunho da Igreja Cristã, bem como dos que deram seqüência ao trabalho dos apóstolos, que verazmente o apocalipse é de autoria joanina. 
[6] Pelo menos por aqueles que se detém na busca do conhecimento bíblico do NT.
[7] As evidencias externas também apontam para a autoria de João. Temos que Irineu, que fora discípulo de Policarpo, e este discípulo de João, declara que o autor foi João. Outros tantos também darão testemunho dessa veracidade, como Eusébio, Clemente de Alexandria, Origenes, Justino Martir, Tertuliano, etc. (Hendriksen, 2004, pp. 45-47; 77-79).
[8] Kistemaker (2004, pp. 80-81)
[9] As citações são da Almeida Corrigida Fiel, quando outra for citada, mencionaremos a versão.
[10] Nesse segundo arrebatamento, temos então “O elo central do livro” que “se encontra entre os capítulos 4 e 5. Pois, unem as exortações iniciais do Senhor ressurreto às igrejas (capitulo 2-3) com o trinfo e as punições finais pelo Cordeiro (Capítulos 6-22).” “O Capítulo 4 assevera a autoridade soberana do Deus Criador. Sendo exaltado por quatro criaturas poderosas e os vinte e quatro anciãos que o adoram, o Senhor Deus Todo-Poderoso é Santo, Soberano e Digno de todo louvor. Ele criou todas as coisas, e elas existem por causa da sua vontade graciosa e soberana (Ap 4.11)”. [IBADEP, 2006, p.37].
[11] Mas que se revelou numa linguagem possível de compreensão por parte do ser humano.
[12] Kistemaker (2004, p. 240).
[13] Idem
[14] A palavra utilizada pela LXX para trombeta é a mesma utilizada por João no Apocalipse (sa/lpiggoj= Trombeta  sa/lpigc)
[15] Ex 19.16-29 (NVI).
[16] Josué capitulo 6.
[17][17] Micaías também viu o Senhor assentado no trono (I Re 22.19; II Cr 18.18), Ezequiel (Ez 1.26; 10.1; 43.7), Daniel (Dn 7.9), Estevão (At 7.5,6 – ainda que aqui não seja apresentada a questão do trono, mas há inferência).
[18] No sentido de Deus Triuno.
[19] Cf Sl 9.7; 11.4; 45.6; 47.8; 93.2; 97.2; 103.9; Is 66.1; Lm 5.19, etc.
[20] Kistemaker (2004, p. 245)
[21] Gênesis capítulo 9.
[22] Is 6.3
[23] Ap 4.8
[24] Esse comentário fora de Tertuliano         

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Espaço da Palavra

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Teologia Joanina - Teologia do Cenáculo


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Teologia Joanina – Teologia do Cenáculo[1]


Autoria, Destinatários, Circunstâncias, Localidade



O autor do Evangelho de João, bem como das epistolas de João, assim como o Apocalipse é o próprio João, o apóstolo, o evangelista, o ancião. Ele “...é apresentado como alguém que pertence a mesma etnia, grupo e família do seu “herói”. Ele é apresentado como uma testemunha ocular”, que pertence não apenas ao circulo dos seguidores do Nazareno, mas é um dos doze e mais ainda, um dos três de maior proximidade com Jesus, e que na “...noite da Ceia, ele reclinou-se em seu peito...”, (HENDRIKSEN, 2004, pp. 13,14) era o discípulo amado. Filho de Zebedeu e Salomé, e irmão de Tiago, e segundo os escritos da tradição cristã, sua mãe era irmã de Maria, que foi mãe de Jesus, e se assim é, temos então que João era um primo de Jesus.

Foi escrito da Ásia Menor, mais precisamente em Éfeso. João havia sido preso e levado para a Ilha de Patmos por causa do Evangelho, por intermédio de Domiciano, o imperador romano, mas Nerva, que reinou após Domiciano o trouxera de Patmos e permitiu que vivesse em Éfeso. Ele era o único dos apóstolos que ainda estava vivo por esta época. “Policarpo, que, de acordo com relatos, era discípulo de João escreveu uma carta para a igreja de Filipos aproximadamente no ano 100 d.C.” (KISTEMAKER, 2006, p. 263), com semelhanças claras entre a sua e a de João[2], dando a concluir que o conteúdo de sua epistola era, sem dúvidas, extraído da I Carta de João. As carta de João, bem como seu Evangelho e o Apocalipse por sua vez, fora escrita em Éfeso enquanto João pastoreava essa Igreja, por volta dos anos 90 – 95 d.C., ainda que outros comentários a datem de uma data anterior, escrito talvez antes do ano 70 d.C, portanto, antes da queda de Jerusalém, usando como argumento Jo 5.2 e outros ainda datam até 85 d.C.  Uma data que pode satisfazer a muitos, baseado nos comentários poderia ser entre 80 e 98 d.C. Outros testemunhos externos também são citados, como (KISTEMAKER, 2006, pp. 263,264):

“(...) Papias, que era bispo de Hierápolis, por volta de 125 d.C., usou citações da Primeira Epístola de João, Irineu, que foi bispo de Lyon e Vienne, ... perto do final do 2º século não apenas citou textos da epistola, mas também a atribuiu a João, o discípulo do Senhor (...)
No século 3º, alguns autores usavam com freqüência a Epistola de João e testificavam que a mesma pertencia a João. São eles: Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano e Dionísio, discípulo de Orígenes.


Poderíamos citar outras evidências externas, mas, essas citadas são de inteiramente convincente. Nas evidencias internas, podemos ver a semelhança entre a Epístola e o Evangelho. Já no primeiro capitulo podemos o observar a semelhança de linguagem (cf. Jo 1 com I Jo 1). Outras evidências também são observadas, como o uso dos termos Verbo, vida, luz, amor, Advogado (paracletos), termos comumente utilizados por João no Evangelho. A teologia também é apresentada de forma comum com o Evangelho, como a Eternidade do Verbo.

Na condição de líder distinto da igreja, ele se dirige aos seus leitores sem se identificar na primeira carta, ou seja, os destinatários da primeira epístola não precisam perguntar quem a enviou. Eles o sabem, porque o autor parece ser alguém que residiu durante um bom tempo em sua região, que ensinou e pregou em suas igrejas.
O autor se dirige aos seus leitores com palavras ternas de amor. Os termos filhinhos ou amados aparecem várias vezes 92.1,12,13,18,28; 3.7,18; 4.4; 5.21) e indicam que o autor é de idade avançada. Como um pai na igreja, ele considera os leitores seus filhos espirituais.


Verificando o texto, absorvemos suficiente conclusão, a partir também do supra mencionado, que o autor é testemunha ocular, ouvinte próximo de Jesus: “...o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam...”, disse o autor.
“Esse escritor eminente, por ser extensamente influente e aclamado, não tem necessidade de se identificar. Ele é conhecido como João, filho de Zebedeu” (KISTEMAKER, 2006, p. 278).
“Tendo recebido permissão para retornar a Éfeso, onde morreu no começo do reinado de Trajano, ou seja, por volta do ano 98”


Leitores e suas características


Os leitores de João são conhecidos de João, percebemos pela leitura que não são novos conversos, alguns que ouviram já eram crentes antigos (cf I Jo 2.7), possivelmente, a partir das leituras obtidas referenciadas abaixo, esses leitores eram uma igreja ou grupo de igrejas, tendo escrito de Éfeso, ele o fez “...supostamente para um público gentio, e não para aqueles leitores que eram cristão judeus.”, certamente para as Igrejas da Ásia Menor.  


Por que este material foi escrito e o que pretendia trazer aos leitores?


Ao verificarmos as verdades contidas no Evangelho e também nas Epistolas,  a exemplo da Primeira Epistola, observamos que estava havendo algumas pessoas que estavam ensinando “um outro Evangelho”, estes haviam saído da própria Igreja, mas que desviando-se das verdades ensinadas por Cristo e seus apóstolos, estavam sendo verdadeiros anticristos. Esses anticristos na realidade estavam querendo tomar o lugar de cristo, ensinando outras doutrinas, sendo falsos profetas, ensinando heresias, como o gnosticismo, o decetismo.
O gnosticismo ensinava por exemplo que a matéria era má, logo se a matéria é má, era impossível que Jesus tenha vivido em carne. Na realidade, segundo esses ensinamentos, Jesus viveu numa aparência de carne, mas não em carne. O Jesus na realidade não veio em carne, o Cristo do Céu, desceu sobre o corpo de Jesus. Esses falsos mensageiros ensinavam que Jesus não veio em carne. O que João combatera firmemente e eficazmente na sua epistola.
Os gnósticos faziam distinção entre o Deus do Antigo Testamento e o Deus do Novo Testamento, bem como faziam distinção entre o Jesus, nascido de Maria e José, e do Cristo descido sobre o Jesus.
João vai ser totalmente contundente em oposição a isso. Ele vai ser extremamente radical com relação a esses desviados e dissimuladores da verdade. João os chama de anticristos, falsos profetas e instiga a igreja, aos leitores da carta que se quer devem saudá-los.
João traz um testemunho pessoal, de que Cristo veio em carne, que esteve com Ele, que O ouviu, que O tocou. E que se alguém permanecer Nele terá vida eterna.
João escreve na preocupação de que os crentes continuem naquilo que já aprenderam. Que cumpram o mandamento de Deus, que é amá-Lo, que é amar uns outros, que é não aborrecer aos seus irmãos. Que não devem viver na pratica do pecado, e que se alguém pecar e não continuar na pratica, temos um Advogado, Jesus Cristo.
O apóstolo reproduz uma serie de mensagens cristocêntricas, fazendo-os relembrar que foi Deus quem os amou primeiro e que a manifestação do Seu Amor por eles (e por nós) foi que Ele enviou o Seu Filho e a prova disso  é que Ele enviou o Seu Espírito Santo para está com eles (e conosco) e neles (em nós).
E a vitória que vence o mundo é a fé deles em Deus e em Seu Filho Jesus e a pratica de Seus Mandamentos.
Verificamos na Carta de João a Teologia Bíblica das duas naturezas de Cristo. Jesus veio em carne, mas também é Deus [(Divindade de Jesus), cf 1.1,2; 4.2]. Ele é a propiciarão pelos nossos pecados ( ), Ele perdoa pecados (), Ele é o verdadeiro Deus e a Vida Eterna (5.20).
No Evangelho verificamos a mesmo evidencia, pois que João inicia tratando da Divindade de Jesus (Jo 1.1-12), o Logos é o Ser Eterno, o Ser Divino, Co-Eterno com o Pai, antes mesmo do tempo, e que a criação não é eterna, mas teve um “ponto” ainda na eternidade, antes do tempo. O tempo é inaugurado com a criação.
O Evangelista vai trazer que o Logos é o Responsável pela criação: ”Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (v.3), a própria vida depende dEle (v.4).
A Divindade de Jesus é apresentada em todo o Evangelho de João. Assim como nas cartas e também no Apocalipse.

TEOLOGIA JOANINA NO CENÁCULO 13 – 17



CONDESCÊNCIA DE JESUS


Verifiquemos no Capítulo 13 que a Escritura nos informa que o Salvador vindo de Betânia, após ter operado o milagre da ressurreição de Lázaro (11), depois de ter ido ao deserto e voltado a Betânia, tendo sido ungido por Maria com uma vaso de alabastro de Nardo, (cerca de 3 km para Jerusalém) segue em direção a Jerusalém para as Festividades (Páscoa), mas encontra-se com um grupo de gregos que desejam vê-lo e Ele fala a respeito do ter chegado o tempo em que o Pai o glorificará, e então uma voz do Céu lhe diz: “Já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei” (12). Aqui nesse contexto já identificamos a Identidade Divina de Jesus e Sua Unidade com o Pai, visto que o Pai não dá a Sua Glória a outrem (Is 42.8; 48.11), aqui verificamos a Unidade de Jesus com o Pai, o Pai Glorifica o Filho e o Filho Glorifica o Pai.  Seguindo para Jerusalém Ele vai a um cenáculo onde celebrará a ultima Ceia, em chegando com os Seus discípulos, Ele então é apresentado pelo Apóstolo João como Aquele que “tendo amado, amou-os até o fim ...”, podemos ver já no primeiro versículo a CONDESCENDÊNCIA de Jesus em relação aos Seus seguidores. “...Tendo-os amado... amou-os até o fim...”, “...amou-os ao máximo...” (Jo 1.1). Sabendo que cada um deles eram frágeis, vaciladores, que iriam “abandoná-Lo” quando na adversidade da entrega aos malfeitores, quando a crucificação viesse, mesmo assim, sabendo de tudo isso, ainda assim amou-os ao máximo. O amor de Jesus está em ação de forma condescendente é a primeira observação teológica bíblica que me vimos. O perfeito amando os imperfeitos.


ONISCIÊNCIA DE JESUS


Verificamos também a ONISCIÊNCIA de Jesus, pois sabia que havia chegado o tempo (13.1), e também sabia quem era o traidor (Judas Iscariotes. Cf Mt 26.21,23,25; Mc 14.18,20; Lc 22.21,22; Jo 13.2, 19, 21,26,27). “Desde agora vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que eu sou Egw/ ei)mi” (Jo 13.19).
Ainda no capitulo 13, último verso, verificamos a Onisciência de Jesus em relação a Pedro, em relação a que Pedro o negaria.



JESUS COMO SENHOR (SER DIVINO) - ONIPOTÊNCIA


Também observamos o Próprio Salvador indicar ser Ele o SENHORo( ku/rioj, quando afirma taxativamente: “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou”. Aqui vemos Jesus identificar-se com o Pai. Ele é exatamente o que o sentido da palavra Kyrios expressa em todos os sentidos. Ele é o Dono de Tudo. Senhor Absoluto. Igual ao Pai em essência, “Eu e o Pai somos um” Cf 10.30, Um em essência. Aqui mais uma vez é apresentada a Divindade de Jesus.
Outra vez percebemos a DIVINDADE E UNIDADE DE JESUS em relação à glorificação como já mencionamos supra, também aqui se repete nos vv. 31,32 (13.31,32), “Tendo ele pois saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele. Se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar.
No capitulo 14, vemos a maravilhosa expressão de Jesus em relação ao Ser Divino. Também poderemos incluir aqui um dos Nomes de Deus:   )Egw/ ei)mi , EU SOU. Há aqui uma clara evidência da Identificação de Jesus com o Pai em Unidade. Eu Sou = o Caminho, a Verdade, a Vida. E mais uma vez identifica-se mais claramente quando diz: “Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto...quem vê a mim vê o Pai...Não crês que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?...Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim” (Jo 14.7, 9,10,11). Há aqui uma evidente declaração de Jesus em relação a Sua Unidade com o Pai em essência. Duas Pessoas Distintas, mas a mesma Essência, a Mesma Unidade.



ESCATOLOGIA, PARACLETOLOGIA (PNEUMATOLOGIA), TRINDADE


No capítulo 14 vemos também a promessa de morar com o Pai. Logo temos então uma referencia ESCATOLÓGICA em relação aos que estiverem com Cristo, fazendo a vontade de Jesus. Na casa de meu Pai há muitas moradas. A Casa do Pai é o Céu, portanto, essa passagem refere-se ao estado eterno de gozo com Jesus, na Casa do Pai.
Ainda nesse capítulo (14) e nos seqüenciais (15,16) é apresentado o a)/llon para/klhton,  Outro PARAKLETOS, o outro igual, da mesma essência. Aqui temos a TRINDADE. O PAI, O FILHO, E O ESPÍRITO SANTO. Verificamos também a Ação do Espírito.
Ele estará como o outro parakletos, outro Ajudador, Amparador, Conselheiro, o que estará ao lado (dentro de cada crente), “...habita convosco, e estará em vós”. Quem fizer a Vontade de Deus estará com a Triunidade habitando em si. “...Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”. O Espírito habita, Jesus e o Pai igualmente habita no crente (Cf 14.16,23). O Espírito Santo é quem convence da “...do pecado, e da justiça e do juízo”. O Espírito ensinará, guiará, testificará, testemunhará de Jesus (14.26; 15.26; 16.13).
Temos então a DOUTRINA DO PECADO, da JUSTIÇA DE DEUS e da JUIZO, no capítulo 16. Do pecado relacionado ao não crer em Jesus. O não crer em Jesus implica em não fazer a Sua vontade e nem cumprir os Seus Mandamentos. Ora, quem não faz a vontade de Jesus, de igual não faz a vontade de Deus e quem não faz a vontade de Deus também não cumpre os Seus Mandamentos, e quem cumpre os Seus Mandamentos está no maligno (I Jo 5.19), e quem está no maligno está fazendo as obras das trevas e não da Luz, e se não estão em Deus, nem em Seu Filho Jesus, peremptoriamente estarão condenados ao Juízo Eterno de Deus.



INTERCESSOR/SACERDÓCIO DE CRISTO


No capítulo 17, temos a ORAÇÃO SACERDORAL de Jesus. Ele está como INTERCESSOR, dos que estão com Ele e daqueles que ainda virão para Ele. Temos também a Unidade de Jesus em relação ao Pai. Também a glorificação do Pai ao Filho como mencionamos acima.
Verificamos aqui o Senhor Jesus agindo, atuando como Sacerdote pelo povo. E Ele é o Sumo Sacerdote Eterno segundo a ordem de Melquisedeque (Sl 110.4; Hb 5 – 8). Ele faz a oração sacerdotal pelos seus discípulos e não apenas, mas também por todos que ainda ouvirão e atentarão para a mensagem e o seguirão, ou seja, Ele está intercedendo pela Igreja Invisível, Universal. A oração não diz respeito ao mundo, mas aos que são dados a Jesus por Deus, parece-nos aqui haver uma inferência a escolha divina, como também no capitulo 15.16: “Não me escolhestes vós a mim  (ou)x u(mei=j me e)cele/casqe = e)kle/gw = e)kle/to/j), mas eu vos escolhi a vós (e)gw\ e)celeca/mhn u(ma=j), e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedisdes ao Pai ele vo-lo conceda”, e aqui: “...não rogo pelo mundo, mas acerca dos que me deste (peri\ w(=n de/dwka/j moi,) porque são teus” (Cf 17.9), e continua afirmando que são de Deus e que não são do mundo, igualmente a Ele. Logo, aqui vemos a doutrina da Eleição de Deus (cf Ef 1.4; I Pe 1.2; 2.9 etc).
Também aqui verificamos a missão de enviar: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”. Percebamos que o Pai envia e o Filho também envia, comunicando assim a Unidade de Jesus com o Pai.











CONSIDERAÇÕES FINAIS




Na Teologia Bíblica Joanina verificamos claramente o intuito, objetivo do Apóstolo em apresentar Jesus, como o Cristo, não apenas como o Cristo, mas como o Ser Divino, como o Autor da Criação, como Aquele que fora in-criado, porque é Eterno e com o Pai é da mesma essência. Jesus na Teologia Joanina é apresentando como Co-Eterno com Pai.
No Cenáculo podemos ver a Condescendência do Ser Divino em relação aos seres ínfimos e pecadores, em relação aqueles que o abandonaria, ainda assim Ele os amou e os amou ao máximo, até o fim, até a morte. Deu-lhes também exemplo de humildade, quando abaixou-se e lavou os pés de cada discípulo, querendo dar-nos o exemplo-mor de simplicidade e humildade. Também verificamos a Onisciência de Jesus ao saber que o tempo havia chegado e também sabendo quem era que iria traí-Lo, e mais, na profecia em relação a que Pedro o trairia.
Observamos claramente a identificação de Jesus com o Pai, quando afirma que Ele e o Pai são Um, em Unidade, em Essência. Traz também o ensinamento a respeito do “outro Consolador”, como Aquele que ficaria em Seu lugar, “Outro Igual”, logo temos aqui a Doutrina da Trindade. Três Pessoas Distintas que, no entanto, é a Mesma Divindade. O Espirito Santo e parte de Sua Ação é exposta na Teologia Joanina.
Também verificamos um toque na Escatologia, quando João apresenta a Mensagem de Jesus em relação ao futuro na Casa do Pai. E logo na seqüência do discurso, mas precisamente no capitulo 17, temos então a oração sacerdotal de Jesus.
Portanto, em João, especialmente no Cenáculo, encontramos uma Teologia Bíblica da Divindade de Jesus, Seus atributos, bem como os cuidados com o futuro terreno e no por vir dos seus discípulos.












REFERÊNCIAS



Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia Versão Atualizada
Bíblia Versao Corrigida.

Bíblia de Estudo Scofield. (2009) Texto Bíblico Almeida Corrigida Fiel. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

GINGRICH, F. Wilbur; DANKER, Frederick W. 2000. Léxico do Novo Testamento – Grego Português. São Paulo: Vida Nova.

HENDRIKSEN, William. (2004) O Evangelho de João. Trad. Elias Dantas e Neuza Batista. São Paulo: Cultura Cristã.

KISTEMAKER, Simon. (2006) Tiago e Epístolas de João. Trad. Susana Klassen. São Paulo: Cultura Cristã.

LUZ, Waldyr Carvalho. (2003) Novo Testamento Interlinear. São Paulo: Cultura Cristã.

THE NEW TESTAMENT. 1994 The Greek underlying the English authorized version of 1611. England:  Trinitarian Bible Society.










[1] Trabalho apresentado como conclusão da Disciplina Teologia Joanina, do Curso de Mestrado em Teologia Bíblica, com área de concentração em Novo Testamento, sob a orientação do Profº Dr. Carlos Osvaldo Pinto (2012)
[2] Filipenses de Policarpo 7.1 e I João 4.2,3.
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Espaço da Palavra


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Entre a fé e a razão

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O iluminismo trouxe ao mundo a idéia de sair das trevas da ignorância para a clareza da filosofia. Trouxe a idéia de liberdade das amarras dos dogmas, do teocentrísmo para o mergulho na introspecção dando ao ser a ação de agir para além das amarras, levando ao humanismo, numa ação de destronar o Ser Divino do Centro, colocando o homem com suas “descobertas” filosóficas e cientificas.
Ah! O homem, um ser inteligente, dotado de um saber capaz de perscrutar átomos, células, micro-células... O homem, um ser capaz de entender as variadas linguagens, sejam essas faladas, pintadas, gesticuladas, sentidas...
O ser humano foi além, foi à lua... conseguiu entrar a partir das maquinas criadas em Marte, no espaço...
O homem querendo entender sua origem criou teorias, e alguns ateus, são crédulos da evolução a partir de uma de uma hipótese de um átomo primordial, em que toda a matéria nele estava concentrada e que esquentando infinitamente houve a grande explosão, a partir da qual deram origem as particulares elementares... e daí vêm surgindo a evolução das espécies.
A razão fica tão enfraquecida que é preciso fé para se crer em tudo supra, mesmo porque todas as hipóteses, são hipóteses... teorias que jamais foram e serão provadas. Os ateus terminam por terem uma fé extraordinária numa teoria absolutamente incompreendida e impossível de ser comprovada.
O teísta sabe que há uma Causa Primeira... Não um átomo primordial, mas Um Ser Infinito, que explica o finito, Um Ser Metafísico que explica o físico, Um Ser Criador que explica a criação.
Não é apenas razão, ultrapassa os liames da razão e vai para além do natural e se encontra no Sobrenatural.
Não é questão apenas de ouvi dizer, mas de manter o contato espiritual entre o terrenal e o Divinal... Não é ouvir o nada, mas escutar a Voz Inefável de Quem está no fim e no princípio.  É muito além do que uma simples teoria, mas é a Vida, é a Verdade que se manifesta... é a fé que escuta o inaudível, vê o invisível, diz o indizível...
A fé é um dom recebido de graça... e pela graça mantêm-se uma vida de fé... Uma fé que nos dá acesso aos segredos mais profundos...
Eu sei... Quem não acredita por racionalizar não consegue entender... Mas quem já sentiu, quem já ouviu, quem têm o Ser Eterno e Divino habitando no que crer, sabe o quanto é inexplicável o Seu Amor, a Sua Paz.
Entre a fé a razão... há o Deus Altíssimo que caminha conosco... que mesmo Metafísico está Imanente no ser de quem crer... Basta racionalizar no Universo harmônico, e no tudo o mais criado... Sem dúvidas há O SER ETERNO que Rege tudo.

ELE habita em mim.


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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

A certeza de Deus e a dúvida do diabo


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“No princípio criou Deus...”...
Todas as coisas foram feitas pela Palavra...
Num “ponto” no “espaço” na eternidade o Ser Infinito resolve criar o finito.
Antes que saísse qualquer Projeto de Sua Mente Inescrutável, Ele viu o fim ainda antes que o início houvesse.
No Decreto de Criar, Ele viu o fim e o início da história.
Quando ainda a noite não existia e nem o dia,
Antes que todas as coisas fossem formadas,
Ele já considerou a criação e todas as coisas relacionadas a ela como se já houvera,
Antes mesmo do “Fiat Luz”, quando decretou criar os seres celestiais, antes de criar os seres terrenais,
Num momento único Ele determina a criação de tudo, tanto dos céus como da terra.
Sua Mente é tão alta que não podemos alcançar,
E Ele age com todos os detalhes da criação, sem que tocasse os seus dedos,
Apenas com Sua Palavra e com o Seu Espírito.
Não há como dar errado àquilo que o Ser Divino Predeterminou como certeza.
Não há como Ele se Maravilhar daquilo que Ele já viu antes que tudo viesse a existir.
Nele não há mudanças e nem sombras de variações,
Ele é o Ser Imutável, Inabalável...
Quando determina algo, é certo que se concretizará.
O diabo é limitado,
É obscuro para ele o futuro,
Ainda que tenha por certo sua derrota,
Mas no tocante aos seres humanos ele não sabe o que acontecerá com cada ser,
Por isso mesmo intenta seus projetos imperfeitos,
Suas decisões são amedrontadas e seus caminhos não sabe onde vai dar.
O diabo é um ser que está debaixo das Ordens e do Decreto do Divino,
Cheio de dúvidas quanto aos seres que o Divino elegeu,
Com armadilhas infames tenta burlar o Projeto Divino,
Mas como? Deus já preordenou o amanhã e o ontem,
E o hoje está sendo dirigido pelo Regente do Universo.
Não há dúvidas em Deus,
Não há surpresas em Deus,
Não há inquietações em Deus,
Nada pode impedir Seus Desígnios,
Nada impede Seu Projeto.
“Por ventura diria Ele e não faria? Ou falaria e não se cumpriria o que falou?”
“A Sua Mão está estendida, quem pode fazer voltar atrás?”
Porque o Senhor dos Exércitos já determinou desde o Seu Decreto, ainda antes que o tempo existisse.
“O Seu Decreto é firme, e Ele faz toda a Sua Vontade.”
O diabo não sabia do Projeto de Deus para o homem no jardim do Éden,
Não sabia qual seria o fim de Jó,
Não conhecia o trajeto de Deus com Israel,
Deus predisse o futuro de Israel,
E assim como Determinou aconteceu e acontecerá.
Não conhecia o Desígnio Eterno da Morte Expiatória de Cristo, por isso quis impedir a morte de Jesus.
No entanto Jesus veio para a morte e ressurreição,
Veio para a Redenção da humanidade.
Não há lugar para o "se Ele não tivesse morrido",
Certamente veio com absoluta resolução de morrer,
E ressuscitar,
E ressurgir dentre os mortos.
E de executar tudo quanto de antemão decidiu fazer desde o Seu Decreto.
Deus se fez carne,
Em Cristo experimentou a vivencia de ser um ser humano.
O diabo não sabe, tem dúvidas sobre os eleitos de Deus.
Mas Deus está e estará com os Seus Olhos fitos em cada um que Ele já escolheu,
Nada sai errado nos Projetos Divinos.
Tudo o que Deus disse, assim mesmo acontecerá.
Ele é o responsável pelo tempo,
Ele é o responsável pelos acontecimentos,
Nada sai do Controle do Altíssimo.
Assim como Ele pensou na Eternidade,
Acontecerá no tempo.
Isto é certo, é certeza, porque Ele, DEUS, é Absoluto.
NELE está o SIM,
E por ELE o AMÉM.
Todos os Decretos do Altíssimo acontecerão,
Ele é Fiel para cumprir toda a Sua Palavra.
Em breve o Rei do Universo Reinará triunfante na Terra.
E os seus Eleitos com Ele Reinarão.




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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O que somos e o que pensam que somos

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Quando nascemos recebemos uma identificação,
Essa identificação é o nome,
Somos identificados por uma designação de nome.
Nome é um “ (...) Substantivo que por si só designa a própria substância de um ser real ou metafísico (...)”. É uma “Palavra com que se designa ‘uma’ pessoa... É a designação patronímica da pessoa... (Dic. Aurélio).
Depois de vivermos algum tempo,
Começa-se a nos adjetivar pelo que vêem, ou acham que vêem através das nossas palavras ou ações.
Para àquele que é seguro do que nada poderá inflamar o seu ser,
Nenhum adjetivo...
Nem inflamará para o bem e nem para o mal.
Se disserem que somos pessoas maravilhosas nem por isso mudará nossa essência.
Muito menos se disserem que somos execráveis,
Isso não mudará em nada para quem sabe exatamente o que é.
No decorrer do tempo mudam o nosso nome para adjetivos como bom, mau, excelente, péssimo, arrogante, humilde, mau-caráter, bom-caráter, verdadeiro, falso... Enfim, somos adjetivados pelo máximo que houver nos adjetivos...
Mesmo assim, nada que nos imputarem nos tornará isso ou àquilo...
Geralmente os avaliadores são pessoas que não conseguem viver suas vidas, vivem opressas, deprimidas, sofridas interiormente, sem certeza de que vivem ou estão mortas... são defuntos ambulantes que procuram alguma coisa para preencher uma ínfima e mísera vida de que tem certeza de que nunca jamais vão poder acrescer nada no cognoscível do seu ser, a não ser viver uma vida de adjetivação da vida alheia.
No entanto, para quem conhece a si mesmo e ao Divino,
Nada além mais vai decrescer ou fazer crescer em cada um que se conhece e conhece a Divindade,
Pois que, o que somos na realidade vai para além do nosso nome,
Está no mais recôndito do nosso ser,
E esse âmago só quem conhece é o Divino e cada um ser em particular.
A psicologia, a psiquiatria, a neurologia, a neurociência procuram estudar a psique, a partir dos pontos incongruentes do psiquismo,
Mas não definem o que somos...
Por vezes os in-doutos no assunto deslizam e escorregam a partir do que os olhos vêem, mas uma busca acurada, centrada na Vida Real (Deus) poderá revelar o que as ações significam com suas significações... gestos não definem o que somos... palavras não definem o que somos... o que somos é essência, e para se conhecer a essência é necessário ir ao âmago do ser...
Lentes corriqueiras e ouvidos que ouvem ruídos, jamais definirão o que vêem e o que ouvem...
Somos o que somos...
O apóstolo aos gentios bem conhecia isso,
E a despeito do que achavam que ele era, já tendo-o adjetivado o mesmo de muitas coisas, inclusive de ser falso apóstolo, ele simplesmente declara: “...Pela graça de Deus, sou o que sou...” (I Co 15.10).
O princípio do crescimento cristão é saber quem Deus é e o quem somos.
Daí independe do que pensem de nós, simplesmente, pela graça de Deus, somos o que somos.




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